sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

new year, happy :)

Todo momento da vida é propício a descobertas. Um ano é o espaço de tempo que escolhemos delimitar para armazenar acontecimentos importantes, que coincidem com a marcação do nosso próprio tempo de vida. E mais um desses períodos acaba de iniciar o fim do seu ciclo hoje, dia trinta e um de dezembro de dois mil e dez. Não sei se é hipérbole afirmar que aconteceram milhões de coisas, mas na dúvida, posso afirmar com certeza que o número de acontecimentos foi tão grande quanto à importância particular de cada um, pelo menos no meu ano. O ano que eu compartilhei com cada habitante do planeta, mas que teve uma dimensão única, complexa e essencial na minha vida. Os tão esperados dezoito anos, meu carro e minhas responsabilidades que vieram no porta-malas. A faculdade, suas greves e o aprendizado, principalmente de que as festinhas de faculdade dos filmes podem sim ter sua semelhança com as da vida real. As viagens com os amigos, e a descoberta de como é ser responsável por si e pelo outro – e o quanto isso é difícil. Os amigos, ah... os amigos. Esses vieram aos montes recheando a lista antiga e fazendo com que ela ficasse ainda maior e melhor. Tive aventuras inenarráveis, compartilhei segredos impressionantes e conheci as melhores pessoas do mundo. Algumas eu já sabia quem era, mas nesse ano pude aprofundar-me em suas histórias – das mais hilárias as mais entristecedoras. Os amores se foram, voltaram, perpetuaram, desmancharam... Foi uma parte meio confusa, mas cujos nós se desataram logo no finalzinho do ano, a tempo de me presentear com um bem diferente dos que passaram pela minha vida até então. O campo familiar não pode ficar de fora, mas dele guardo apenas o quanto senti a presença daqueles que são minha base, junto de mim nas quedas e nas premiações. A vida amadureceu nesse ano, me deparei com situações novas e difíceis, mas com a ajuda de tantas pessoas especiais e de uma lá de cima que vive me guiando, consegui desvencilhar todo e qualquer obstáculo e cheguei ao fim de mais um ano com um saldo positivíssimo de conquistas. Obviamente não me desfiz da boa e velha listinha de ano novo, mas aprendi com as novas experiências a preenchê-la com coisas minimamente possíveis, para evitar frustrações no próximo post de retrospectiva. Meu blog foi muito comentado esse ano por pessoas variadas, e seu menor sucesso já me traz uma alegria imensa – não há lógica pro quanto é importante saber que sou lida (e até aquela passadinha rápida pela página tá valendo nessa contagem!). Pra vocês, que acompanharam toda a trajetória de postagens subjetivas, saibam que estiveram partilhando de grande parte da minha vida e dos fatos mais marcantes que transitaram por ela nesse ano. Pra você que tá passando por acaso, sinta-se convidado nesse 2011 a viver suas horas de ociosidade de um novo jeito, com algumas palavras aleatórias formando pensamentos não muito concisos. FELIZ 2011!

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

"Há coisas sobre mim que você precisa saber. Veja bem que minhas palavras em momento nenhum elucidam garantia sobre o quanto apreço você terá pelas descobertas, mas eu preciso que você saiba, até daquelas que mais vão doer. Quero que você saiba que, pela manhã, meu humor é estável, mas não um estável bom. Ele é consistentemente negativo, e em momento algum procuro disfarçar tamanha negatividade. Gosto e não gosto de telefone, mas predominam os dias que esse meio de comunicação me irrita tanto quanto acordar. Não sei como você vai fazer pra adivinhar qual dia pertence a qual grupo: fica lançado mais um desafio incluso no pacote de viver ao meu lado. Não gosto de muitas pessoas, a maioria apresenta o sentimento contrário por mim; pouco me importa, reciprocidade pra mim só existe quando há bons motivos para tal. Dou valor a minha individualidade e pretendia falar sobre ela como incomparável, mas nos últimos dias a sua companhia tem sido uma opção suficientemente tentadora pra me fazer repensar sobre isso. Sofro de ciúmes múltiplos, mas grande parte das vezes inconfessáveis, seja por seu caráter bobo ou por ser realista demais. Quando estou sozinha em casa, gosto de fazer coisas inúteis, do tipo tocar meu violão desafinado e cantar composições próprias. Sobre elas, garanti por muito tempo que seriam inacessiveis aos meros mortais, mas tenho que confessar que já tive vontade de mostrá-las a você. As vezes, quando você não tá olhando, eu fico reparando no jeito como você sorri e olha despercebido pras coisas, até que encontra o meu olhar fixo em você. Eu, no seu lugar, ficaria assustado... mas você, incrivelmente, intensifica o sorriso e corresponde minha fixação com um carinho. Ah, eu também simplesmente a-d-o-r-o os seus abraços, desde os mais violentos aos mais carinhosos. Eles fazem uma falta danada nos dias que não te vejo. Me preocupo de verdade com você e quando pergunto se comeu, o que comeu e quando comeu é porque eu realmente me importo com esses e mais um monte de detalhes que envolvem seu bem-estar. Pra falar a verdade, sempre tirei sarro de quem ficava ligando pros namorados, perguntando sobre o que eles almoçaram. Fala sério, porque elas querem saber isso? Hoje, eu tenho uma boa noção do quanto essas coisinhas bobas são importantes pra gente saber que a pessoa que amamos tá bem! Admiro sua preocupação, seus ciúmes esquisitos de pessoas aleatórias, suas mensagens... Fico roxa de raiva quando meus créditos acabam e eu não posso responder que 'sim, tô morrendo de saudades de você também". Não me importo com comentários alheios sobre o quanto somos grudados e, honestamente, não acredito que isso seja só uma fase. Mas se for, tenho que confessar também que desejo a duração de umas três eternidades pra esse período que estamos vivendo. Há muitas outras coisas que você precisa saber sobre mim, mas vou te dar a missão de continuar ao meu lado pra ir descobrindo uma a uma, ao mesmo tempo que me mostra mais detalhes sobre você. Enquanto isso, a coisa mais importante que cabe a você saber é que um dos sentimentos mais bonitos e mais sinceros que eu desenvolvi, foi você quem despertou. "

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

...my search is over

Há quem tente surpreender, fingindo fugir a regra dos desesperados, mas quando se trata de coração, não há quem negue pra si mesmo a permanência na constante busca. Ela cessa, ou pelo menos se atenua, quando estamos na companhia de alguém. Mas basta um simples deslize, um errinho bobo, que já cogitamos uma imediata volta da eterna procura pelo conjunto de preferências ambulante. Não desconsiderando os parâmetros físicos exigentes, procuramos principalmente atributos sentimentais que culminem num ser perfeito - perfeito para nossas necessidades. Aquele que abra a porta do carro, não levante antes que terminemos a refeição, tenha vinte e quatro horas de elogios, não olhe pra nenhuma outra garota e te jure amor eterno. Mas há algo curioso, que constantemente ocorre: parece que quanto mais perto a pessoa chega dessa utópica descrição, mais longe ela está de satisfazer nossa carência. E não é fácil entender o porquê: o perfeito individual já vive apenas no imaginário, quem dirá um perfeito universal. Todas essas características citadas somam um maciço de determinações do senso comum que, teoricamente, formariam alguém capaz de agradar qualquer um. Mas nossas almas são enesimamente mais seletas que qualquer imposição. A pessoa certa de cada um vem com um combo de características exclusivas, bizarras pra uns, mas na medida pra outros. O que há de comum entre essas tantas pessoas não são os meios, mas sim os fins. A felicidade constante e incontrolável que elas conseguem despertar, apenas por existirem. Os risos incontidos, juntamente com uma vontade louca de estar sempre por perto pra brincar, cuidar, sentir... É um sentimento engraçado de posse, mas não se trata de egoísmo: é uma preocupação extrema com o intuito de deixar a pessoa sempre, sempre e sempre feliz. E a melhor parte está em não se cansar desse sentimento, expressando-o com prazer dia após dia, sem enjoar da própria "melosidade". O tempo desbota alguns prazeres do caminho, mas realça também algumas cores que, de tão belas, só aparecem nas situações mais especiais. Temos medo de errar, tanto nas escolhas, quanto nas atitudes. Mas acima desse medo, mora uma vontade incessável de saber se tá tudo bem, se ninguém magoou ou se nada aconteceu aquela pessoa singular, que sabe como ninguém arrancar o sorriso mais sincero e mais esperançoso de se transformar em um beijo. É assim que é quando você encontra quem tanto procura. E sabe quando você vai querer retomar as buscas? Nunca, mesmo sabendo qe nunca... é muuuuito tempo. ;)

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Palpite.

Todo nosso envolto de postura e convicções se desmancha diante dos mais bobos dilemas. Talvez o mais frequente deles se traduza no medo que domina os corações dos apaixonados de plantão. Parece que a palavra "relacionamento" abalada as estruturas de modo a não deixar nada no lugar. O que antes era natural, passa a se mostrar em atitudes travadas, artificias, tão coradas pelo medo quanto nossas bochechas ruborizadas pela vergonha - que antes, sequer existia. Pode ser a descoberta de um novo sentimento por uma nova pessoa ou - a pior espécie, ao meu ver - um novo sentimento por um alguém desconhecido. Até o bom dia carismático e inocente já não se formula mais, pois parece ficar travado entre os dentes cerrados por trás de um estático sorriso de quem tem muito a dizer mas pouca coragem pra fazê-lo. Quem assiste na plateia se desmancha aos risos de ver o quanto é divertido observar as armadilhas da vida sentimental. Entretando as gargalhadas tem um singelo prazo de validade, já que amanhã a vítima pode ser um ex-expectador da vida alheia. O fato é que não escapamos disso, muito menos temos solução pra esse ''embobamento'', que é até gostoso de se viver. Não podemos é disvirtuar para o lado das complicações generalizadas, que começam a cultivar brigas em situações bobas e sumir com todo o sentimento, até aquele inicial e confuso que originou todo o cenário seguinte. Emoções são meio traiçoeiras sim, mas inevitáveis e vitais. Elas não vem com manual de instrução - que eu trocaria facilmente por uma confiável listagem de contra indicações. Estamos sujeitos às rejeições e a rejeitar também, por isso não cabe sentir raiva por essa ou aquela pessoa que não estava na mesma sintonia que você. Outro erro banal e frequente é tentar escolher por quem vamos desenvolver nossas paixonites, principalmente aquelas que culminarão em algo mais forte e verdadeiro. Devemos mesmo é apostar na espontaneidade dessa escolha, e confiar no que o destino nos reservar. Se não der certo? " A vida é um constante processo de reapaixonamento".

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

other way


Existe, então, uma fórmula mágica absoluta e universal com a finalidade de nos guiar, seja quem e como for e em qualquer relacionamento? Como eu pensava, não. Somos todos submissos à relatividade, e é ela que determina o comportamento adequado (ou não!) a cada situação. Não dá pra prever o que vai funcionar ou o que vai culminar no inevitável erro. Dá mesmo é pra arriscar, se poupar, acreditar ou apenas fingir que acredita. A gente espera da vida tudo aquilo que ela pode proporcionar, sejam essas coisas agradáveis ou angustiantes. Esperamos das pessoas que nos façam rir a todo momento, e em troca achamos suficiente fazê-las chorar. Acreditamos que todas as pessoas do mundo são obrigadas a saber cada um dos nossos gostos, a nos abraçar quando faz frio, nos fazer dormir quando temos sono. Somos egoístas, sim! Queremos sempre ouvir algumas notas no violão do tema do nosso filme preferido, ou que nos tragam 300ml de café numa noite fria. Que nos despertam uma sensação singular de afeto, de proteção, de medo de perder. Mas, em contraponto aquilo que queremos, há a cruel realidade que muitas vezes destinas tantos cuidados a outras pessoas, e não a nós. Mas nós, de forma alguma, perdemos nossos desejos, apenas tentamos canalizá-los a outros que possam em algum momento realizar nossos desejos. Obviamente, nessa mudança perde-se grande parte da emoção e do sentimento, mas é de perdas e adaptações que a vida é feita desde sempre. Há também o poder do tempo, que age de maneiras variadas, sutis ou drásticas, arrancando ou arrastando pessoas até nós o tempo todo. Cabe a nossa exótica sabedoria selecionar os candidatos certos as vagas adequadas e deixar o coração seguir, procurando e construindo brechas, aprendendo e desaprendendo a amar as pessoas erradas de sempre.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

?

A quem seguir e em quem confiar?

Sempre que precisamos de orientação recorremos ao dilema de ouvir o coração ou a razão. Traçar um caminho é meramente ilustrativo, porque sabemos que na prática há confluências diversas que mudam ora o trajeto, ora o destino. Seguir o coração, suas emoções, significa não só se abster de raciocínios lógicos, mas também cometer ações muito provavelmente incoerentes pra maioria, mas totalmente sensatas pra você e seu interior. Entretanto, essa peculiaridade não confere a esse tipo de escolha uma garantia de acertos, podendo também ser uma excelente condutora ao caos. A razão, por sua vez, muitas vezes sufoca os impulsos da emoção com pensamentos concretos e cálculos imaginários de probabilidades. Nesse caso, a chance de errar decai inversamente proporcional a chance de estagnação: pensar é quase sempre uma barreira pra nossas ações. Diante de um problema, encontrar a solução exata que não traga efeitos colaterais, é bastante improvável. Talvez seja por isso que tenhamos o mal hábito de adiar nossas decisões, quem sabe esperando uma intervenção alheia pra nos polpar do trabalho de impor nossas vontades e necessidades. Se temos uma pedra no sapato, topamos caminhar mais algumas milhas, afinal "pior do que está, não fica". Mas é aí que nos enganamos: fica sim! Feridas antigas cicatrizam depois de um tempo, mas só se bem cuidadas. Nossos problemas se acalmam, a poeira baixa... mas só se houver, no mínimo, uma tentativa de resolução. Temos que ter também consciência que nossas atitudes são exclusivamente individuais, ainda que tenham reflexos com perspectivas coletivas. Estamos sozinhos nos acertos e principalmente nos erros, sujeitos a julgamentos justos e injustos e penalidades condizentes ou não. Nessa esfera tão repletas de casos coincidentes, precisamos caminhar e atuar com a máxima cautela, pra não esbarrar nem ferir sentimentos alheios, que merecem uma atenção triplicada em relação aquela que damos a nós mesmos. A vida é composta por uma complexa malha, tecida de casos, conflitos, dores, sorrisos... experiências! A permeabilidade é seletiva, entretanto deixa passar momentos perfeitamente desprezíveis. Todavia, eles não são inseridos a esmo, mas sim com o intuito de aperfeiçoar nossa administração pessoal e nos ensinar a importância de valorizar cada situação, por menor e menos construtiva que ela possa parecer numa primeira vista. É tudo tão confuso e facilmente enlouquecedor, que só me resta partir e exercitar o verbo mais difícil de se aplicar: viver.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Believe


As vezes me pergunto se pra ser bom em alguma coisa, temos que obrigatoriamente nos inspirar naqueles que pelo menos tentaram feitos similares. Do meu ponto de vista, enxergo que os bons, na maioria das situações, são os inovadores, os pioneiros. E eles, então, se tornam exemplo para os milhares que sucederão suas conquistas, inspirando-se e copiando seus métodos. No meu gosto por ensinar sei o quanto é prazeroso admirar o sucesso daqueles que tomaram conosco algumas lições sobre como alcança-lo. Mas mais saboroso ainda é o gosto da vitória por mérito próprio, onde você caminhou (e tropeçou) com as próprias pernas e dificuldades pra chegar ao ponto almejado. Adoro escrever e, como eu, milhares de pessoas antecederam minha existência com essa mesma paixão. Dessas tantas, pouquíssimas se tornaram gênios capazes de inspirar gerações e terem citações nas mais diversas publicações. Não sei se é um desejo coletivo, mas eu me pego constantemente na esperança de me tornar não uma cópia, mas um referencial. Não é ambição demais - pelo menos, eu acho que não. Acreditar em si mesmo é ferramente essencial para convencer os outros a fazê-lo também. Mas meu desejo vem acompanhado de algumas verdades que colhi ao longo da vida que, de uma forma ou de outra, remetem ao fato da minha pouca afinidade com a leitura. Sempre me destaquei em concursos de redação da primeira série, ou até mesmo em concursos sérios como o tenebroso vestibular. Mas minha estante não está saturada de autores variados - e os poucos que nela se encontram não ganharam minha confiança para ocuparem minhas mãos. O mais recente que li foi incrível, se chama "Feios" e retrata uma possível realidade futura, mesclada a idéias mirabolantes e imaginação exacerbadamente fértil. O livro me chamou a atenção, mas há um tempo abandonei a leitura nas páginas finais e não encontrei forças pra concluir. Enquanto leio um livro não consigo deixar de bolar um final alternativo, oriundo do meu incessável imaginário que não se contenta com aquelas combinações de palavras, muito menos com aquele caminho que o pensamento começou a tomar. Ser muito crítica talvez não seja a qualidade mais admirável, mas ela é sincera e inevitável. Quero um dia ser alvo de críticos, ocupar estantes - abarrotadas e abandonadas. Quero conhecer discípulos e também aqueles que mudarão os meus finais. Eu quero tanto, tanto... que a cada dia que passa me sinto mais perto de conseguir.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Querido diário,



Hora de acordar, mais uma vez. Não gosto mesmo e não há quem me convença das boas intenções desse incômodo despertador. Mas, tudo bem - depois de tantas invenções benignas e úteis, teria uma que seria antagônica a tanta comodidade. Os segundos dissolvem minha revolta momentânea - que retorna minutos depois, quando descubro que estou atrasada. O céu nublado em nada ajuda o processo de acelerar meus passos, rumo ao metrô. É, esse metrô que eu acabo de perder e mesmo assim já posso sentir o aperto do próximo que virá. Enfim chego ao meu destino: a faculdade. Aquele conglomerado de mentes pensantes, mas que nem de longe destinam seus pensamentos as matérias tenebrosas que são alí ministradas. Somos aqui adolescentes disfarçados de gente grande, que uma vez ou outra caem do salto, deixam seus bigodes mal colados e de algum modo deixam transparecer a sua vontade gritante de apenas voltar pra casa e brincar de boneca. Passamos algo em torno de oito horas como telespectadores contínuos de aulas extensas e confusas, que só se lucidarão quando perdermos nossos fins de semana baixando slides de emails pouquíssimamente atualizados. Essa vida universitária não engloba o luxo e o prazer disseminados pelos filmes americanos de festas e promiscuidade. Talvez alguns desfrutem a promiscuidade, mas de forma bem menos explícita. Odiamos alguns. Tá bom, odiamos a maioria dos que passam alí, com sorrisos perdidos ora de descoberta, ora de proximidade da partida daquele antro de despreparados em busca do tão comentado futuro. A minha hora de voltar pra casa chega, muitas vezes acompanhada dos poucos amigos que consegui fazer, mas algumas também acompanhada pelas minhas lamentações. As minhas ocupações daí em diante não são muito interessantes, e se repetem incessantemente todos os dias - excetos feriados e dias santos, os quais eu me dedico a decifrar as mencionadas aulas. Olhando assim, não parece nada atraente viver a minha vida. E talvez realmente não seja. Espero que agora as pessoas tenham exterminado toda e qualquer possibilidade de invejar a minha pobre existência! Amém.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

sempresempresempreNUNCAsempresempresempre

Enxi meus ovidos por todos esses anos com afirmações sólidas e convictas de boas maneiras, difundidas como regras inquestionáveis de existência. Cresci observando a paradoxal realidade, insistentemente se contrastando com tudo que me tinham obrigado a aceitar. Hoje, não abro mão de viver na adrenalina da descoberta de minhas inocentes mentiras, que colorem a minha vida tom de sépia marginalizada por almas domesticadas de hipócritas reprimidos. Minhas não verdades quase sempre não machucam ninguém, não por piedade ou compaixão, mas por que isso de modo algum me traz prazer. Já não me lembro da última pessoa que matei, nem do último vício que abandonei. Talvez por não ter nunca tirado de fato a vida de alguém, nem ter me rendido a qualquer substância - ou não ter abandonado nenhuma delas. A vida é muito mais emocionante do que nossas narrativas cansadas demais ou falsamente embelezadas. Quando dizem que a naturalidade é muito mais bela, querem dizer que ela é muito mais atraente do que aquele modificada por tantos mecanismos de correção. Mas corrigir exatamente o que? Qual o parâmetro determinante do erro? Realmente criamos situações ideais e utópicas, que nada mais são que modelos ilustrativos de uma vida entediante e estável que odiariamos colocar em prática. Os mesmos ideários que determinam o caminho certo nos instigam a procurar pelo errado e por vezes caminhar sobre ele até onde acabar - ele, ou nós. Encerro minha fala por aqui, afinal seria um pecado questionar esse método robotizado de conduta, adotado por tantos e prevalente por tanto tempo. E vocês sabem bem o quanto simpatizo com esses tais pecados.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Convictos na incerteza



Até onde garantimos fidelidade a nossas crenças? Ou melhor: até onde devemos garanti-la?


Por muitas vezes nos posicionamos de uma determinada maneira diante de uma situação, defendendo nossos ideais com base na nossa vivência até alí. Entretanto, não são raras as vezes em que novos acontecimentos deslocam a nossa relativa certeza pra um outro eixo, que pode ser até antagônico ao inicial. Essa mudança é natural, mas quando acontece de forma exacerbada concluímos - ou determinamos - uma falta de personalidade por parte da pessoa inconstante. É fato que defender uma causa nos leva a oscilar em alguns trechos do percurso, mas é importante sempre ter argumentos sucifientes pra firmar nossos propósitos. Isso nem de longe é sinônimo de adotar uma conduta inflexível, impossibilitando até a análise de possíveis propostas de mudança. O ser humano é por natureza sucetível e carente de alterações no seu meio e comportamento - a isso comumente chamamos de evolução. Evoluir, pra mim, é o mesmo que se permitir enxergar a realidade multifocal que nos rodeia, para só depois escolher qual será digna de sua seletiva devoção. Sei que é vergonhoso admitir uma alteração de corrente de pensamento, afinal dói contrariar tudo aquilo pelo qual você tanto lutou. Porém, mais vale a vergonha por estar transitando entre as possibilidades, do que aquela oriunda em assinar um atestado de alienação e se prender incontestavelmente a filosofias que não mais correspondem a sua própria. Devemos ter medo de nos tornar robôs, programados pra tanta coisa que mal sobra tempo para executar a ação mais necessária: pensar. Por isso, não tenha medo de voltar atrás se esse regresso culminará no progresso - ou pelo menos ajudará a encontrá-lo. O tal do "errar é humano" não é só mais um clichê pra ser usado sempre que não acertar - é uma interpretação sóbria da realidade imperfeita, mas recheada de possibilidades de ser cada vez melhor.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

de corpo e alma.

A grosso modo, temos uma divisão convencionada entre corpo e alma, onde o primeiro refere-se a matéria e o segundo relaciona-se ao espiritual. Não entrarei em méritos quanto a crença de cada um, mas quero deixar claro meu conhecimento a cerca da existência dos mesmos e o respeito que eu dedico a cada um. Ambas partes citadas compõe o que conhecemos como nosso Eu, em sua totalidade e crescente expansão. Enquanto o corpo apresenta ápices de crescimento e aparente estagnação mediante ao avanço da idade, a alma não possui limitações e está sempre apta a ser alimentada - com o alimento que lhe for fornecido. Obviamente, procuramos nutri-la de boas energias na intenção de purificar e fazer bem a nós mesmos. Entretanto, simultaneamente a essa utopia caminha uma realidade árdua onde a negatividade ronda todas as ações, a espera de um pequeno deslize para que protagonize dali adiante. Além de alimentada, nossa alma precisa ser lapidada e aprender com o tempo a praticar a seletividade referente aquilo que tangencia nossa existência. Não vale a pena buscar uma alma impermeável, que não absorva nem exponha coisa alguma, pois assim sairiamos no débito devido as magníficas experiências que só se adquire ao compartilhar alguma outra. Os olhos, ditos "janelas da alma" devem estar sempre muito polidos para cuidar que não confundam o turvo com o límpido, permitindo ou obstruindo a entrada dos fluidos errados, por mérito de um injusto julgamento. Devemos sempre ter consciência do nosso individualismo e de sua necessidade, mas jamais fazer dele o pilar de nossa existência, lembrando sempre de que o coletivismo bem praticado, devidamente delimitado e explorado, é a fonte mais abundante de aprendizados imprescindíveis a evolução. É como se fossemos todos parte de um quebra-cabeça, que só se completa com a associação das peças no lugar correto. Muitas vezes consideramos inúteis algumas habilidades, mas o tempo é encarregado de nos mostrar que a sua importância só é revelada na hora certa e necessária. O mais mágico das particularidades é poder expô-las aqueles que não as possuem e dar a oportunidade de que o próximo conquiste algo que faça a ele o mesmo bem que lhe faz. Nem só de luz se vive, mas o segredo e não fraquejar mesmo nos momentos pouco ou nada alvos. A ajuda do próximo está sempre a disposição, barrada apenas pelo orgulho de cada um somado a dificuldade inata dos relacionamentos interpessoais. Temos uma vida toda para trabalhar as nossas limitações, mas quanto mais rápido conseguirmos superá-las, mais nos sobrará para ensinar a outros como fazê-lo.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

trying


Há seres especiais no mundo, mas não por poderes excepcionais ou dons extraordinários- não. São indivíduos que levam ao pé da letra o sentido da palavra e acabam optando - voluntariamente ou não - pelo individualismo exacerbado. Eu, por exemplo, me identifico perfeitamente com a solidão e adoro fazer dela a minha melhor companhia pra qualquer atividade. Entretanto, as pessoas que realmente querem meu bem não medem esforços pra me convencer da importância de se ter alguém pra estar com você e te amparar, mesmo quando nem você esteja ciente do risco de cair. É no conforto de si mesmo que perdemos tempo pensando em bobagens e caindo nas tentações erradas. Não que reflexão faça mal, mas fazer dela uma incessante rotina tem grande probabilidade de um final não muito feliz. Pra ajudar alguém assim, que não quer sair do seu cubo, não adianta apelar nem chantagear. Não é tarefa fácil e nem todo mundo é habilitado pra cumpri-la. Os relacionamentos nem sempre sem recíprocos, ainda mais em casos assim quando o outro lado nem sempre enxerga a boa intenção da atitude alheia. Sentimentos não são moedas de troca, e a ajuda nesse caso não é um favor que deve ser cobrado mais pra frente, é simplesmente uma atitude de afeto de quem ama para quem precisa ser amado. Tem gente cabeça dura, que vai resistir e viver reafirmando a sua autosuficiência aos quatro ventos até que todos acreditem - exceto ele mesmo. Alguns tem medo de aceitar apoio, não são seguros de si muito menos de qualquer um diferente dele próprio. Há os desconfiados, que aceitam mas não abrem mão do bom e velho "pé atrás", acompanhado sempre do "ninguem faz nada de graça". E não é serviço grátis, pois a recompensa de ver quem você gosta se reerguer na vida é incomparável a qualquer transação bancária, por mais alta que seja.Vale lembrar também que nem sempre lutar é sinônimo de vencer - a coisa flui melhor quando associamos a tentativa. Essa é sempre válida e só é garantia de derrota em uma única ocasião: quando ela sequer existe.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Pol(e)ticamente correto.


Nas proximidades da "festa eleitoral", que de festa só tem as bizarrices que se candidataram esse ano, considero imprescindível falar um pouco de política. Não sou nem de longe uma entendedora do assunto, mas acredito ser impossível estar totalmente alheia ao mesmo. Nós vivemos em uma sociedade e essa afirmação por si só é suficiente para justificar a necessidade da nossa interação com o desenrolar do cenário político. Elencamos representantes inseridos numa democracia para falar pela maioria e não para ignorá-la ou indiscriminadamente manipulá-la. O grau de instrução nem sempre é pré-requisito para atestar a inteligência de fulano, entretanto é um meio de nortear nossas impressões a cerca da capacidade do cidadão de tomar atitudes, no mínimo, coerentes. Os candidatos dessas eleições chegam a preencher esse requisito com termos do tipo "lê e escreve". Não que um curso superior queira dizer muita coisa ou seja determinante, limitante ou condicionante de aptidão pra liderança. Mas um ser humano que em pleno século XXI se aceita na condição de analfabeto funcional e ainda se julga capaz de mediar interlocuções povo/poder executivo não deve ter a menor noção da dimensão do problema. Nós, população, somos maioria inquestionável. Mas o problema maior é a nossa falta de questionamento. Mentes pensantes produzem, muito mais do que ideias, dúvidas. Criticamos bravamente os minutos da propaganda eleitoral gratuita e, quando nos damos ao trabalho de assisti-la, a maioria usa a experiência na confecção de piadas infames para se destacar na multidão de espectadores das tragédias no poder público. Acontece que rir das barbaridades que estão sendo liberadas nesse espaço é condizer com as mesmas, sem sequer ameaçar uma atitude em defesa própria. A censura proibiu por um tempo as sátiras dos programas humorísticos, mas represália nenhuma foi postulada contra os absurdos que se propagam tanto no conteúdo dos discursos políticos quanto nos personagens que concorrem aos mais importantes e variados cargos. Enquanto dermos risada da propaganda do Tiririca, afirmando não saber sequer o que faz quem ocupa o cargo ao qual está candidatado, à frente das nossas mais cruciais decisões estarão personalidades despreparadas, desprovidas do menor senso de autoridade diante das dificuldades - que não são poucas. É chato, é cansativo e aparentemente inútil, mas precisamos mudar nossas posturas e analisar a fundo as propostas, ver até onde são cabíveis e observar qual a parcela do discurso que existe com o único intuito de comover e convencer o eleitor de falsas verdades. Se a reação não partir de nós, não haverá um interventor interessado em lutar por nossos direitos. Há essa necessidade urgente de romper com o conformismo e comodismo que assolam nossos hábitos e começarmos uma reforma por conta própria. É claro que atitudes como o "ficha limpa" auxiliam numa filtragem, mas isso é apenas uma medida grosseira que exclui aqueles que já foram pegos em suas infrações. Perigosos mesmo são os que estão em liberdade, mas que já empurraram pra debaixo do tapete inúmeras malfeitorias e hoje estão aí, usando cinquenta minutos de jingles baratos pra manipular os detentores do poder e o seu objeto mais valioso: você, e o seu voto.

Vote consciente!

domingo, 29 de agosto de 2010

ego

Enquanto buscamos destaque em novas áreas, deixamos de lado nossas raízes e criamos um exército de excêntricos sem essência. Pessoas programadas para sorrir das mesmas piadas, que de tanto buscar um diferencial acabaram num processo de massificação. Até em nossas revoltas somos facilmente enquadrados em algum grupo já determinado. Isso tanto acontece por excessivas e desnecessárias delimitações quanto pela nossa necessadidade já inconsciente de integrar algum clã. Condicionamos nosso raciocínio a se limitar e fechamos a porta na cara das oportunidades de desenvolvimento, individual ou mútuo. Mesmo minhas palavras oriundas de um privilegiado conjunto léxico se tornam mesmices quando repetidas sem contexto, visando apenas impressionar. A vida não é isso. Extrapolar limites deixa de ser uma violação e acaba se tornando uma obrigação nesse mundo tão orientado a restrição. Liberdades aparentes não convencem nem satisfazem o ego daqueles que tem a mínima noção do que é ser livre. É um pecado associar essa expressão a infrações e desrespeito quando ela apenas expressa a possibilidade de vivermos despidos de qualquer máscara, sem carecer de maquiarmos a nossa verdadeira existência. Significa poder não ter vergonha de se comportar diferente, não temer a exclusão por parte dos tolos e compreender que eles não são, nem de longe, os melhores referenciais que podemos conseguir. Não apoio caminhar na contra mão, mas considero extremamente válido fazê-lo caso isso esteja na rota do caminho que você escolheu. As pessoas são facilmente convencidas, seja pelos tantos pontos fracos distribuídos por suas histórias quanto pela obrigação que elas se impõe de aceitar ou fingir compreender argumentos de boa oratória. As aparências ainda reinam e são capazes de mediar as trocas entre lebres e coelhos distribuindo vantagens mesmo que aos falidos. A enganação é frequente e só percebemos seus malefícios quando somos nós os enganados: caso contrário, sequer notamos sua ocorrência. Outro grande problema que carregamos é de buscar o individualismo nas horas em que ele menos se aplica. Ou simplesmente ignorar a prática da reciprocidade e só manifestar interesse coletivo quando esse coincidir com o seu próprio. Somos egoístas por natureza e egocêntricos por habituação. Quando posto dessa forma, parece não haver solução para os males do mundo, e talvez realmente não haja. No entanto, se ainda lhe restarem esperança só não se esquece de que agravá-los em hipótese alguma te ajudará a sanar o problema.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

venha ver.

Um evento que se repete dia após dias, em horários e movimentos quase idênticos e que ainda assim arranca suspiros e rouba minutos preciosos das rotinas frenéticas. Como não invejar o pôr do sol ? Pra quem nunca teve a oportunidade de prestigiá-lo, trata-se de um fenômeno que supera minha capacidade de expressão. É apenas a simplicidade com a qual o astro maior de retira de cena, como quem se despede com a sensação de dever cumprido. Por mais lindo que seja, eu sempre venho mal intencionada ao falar de coisas cotidianas: você conhece o seu sol?Particularmente, muito me agradaria se a cada dia minha rede de amigos fosse recheada com personalidades novas, cheias de histórias pra compartilhar e outras que ainda estão para ser vividas. Mas, na amarga realidade, o que acontece é que a maior parte do nosso tempo passamos com rostos familiares, de vontades e defeitos mais que decorados. São pessoas simplórias ou muito sofisticadas, que de tão comuns só evidenciam sua presença quando esta não existe. Corpos e almas que vem e vão todos os dias das páginas do nosso diário, e que tem a dor da partida compensada pela certeza do retorno. Invejando o trajeto da estrela incendiada, se guardam quando tem que ser e nos deixam uma gostosa expectativa de sentir novamente seus raios no dia seguinte. As vezes nos irritam, são incovenientes e aparecem quando não queremos vê-los. Mas nos dias em que se escondem atrás das nuvens de problemas, fazemos de um tudo para que voltem com força total a reluzir em nosso caminho. É uma dura lição tem que lidar com a partida das coisas que nos alegram, na esperança de que retornem, mas com a possibilidade de que deixem nossos dias para sempre nebulosos. O mais legal disso tudo é saber que podemos cultivar vários sóis diferentes, para que um ilumine no lugar do outro sempre que necessário. Jamais poderá haver subtituições, pois sempre o calor e a luz serão mais fortes diante de mais fontes para produzi-los. Mas o importante de preservá-los é a certeza de que, por mais minguante que seja a luminosidade, você jamais estará na escuridão.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

dias atrás.


Talvez o tempo desbote a graça das piadas que, no presente, já não são tão boas. Envelhecer é um processo inevitável, portanto não há Renew Clinic que vá impedir que ele se conclua. Não nego que é doloroso, e digo isso tanto por experiência quanto por relatos continuamente a mim dirigidos. Ver rugas tomando o lugar das espinhas da puberdade nos faz compreender melhor o que significa ver o tempo passar. Falando assim, parece que eu já passei dos 60. Realmente estou longe disso, mas o fato é que estou envelhecendo só que nessa fase da vida preferimos chamar de amadurecimento. Parece que foi ontem que eu escolhia meu vestido de formatura da oitava série - que, por sinal, foi praticamente idêntico ao da minha amiga. É também tão recente a memória das minhas aflições insolucionáveis, meus medos aterrorizantes, que hoje não passam de bons motivos pra dar risada. Quantas vezes me deparei com situações angustiantes, as quais eu acreditava fielmente que não conseguiria resolver. O tempo corre em passos mais largos do que os nossos pequenos pés podem acompanhar. As vezes queremos abraçar forte as pessoas que tem de partir, para que elas não nos deixem sozinhos nessa correria constante, mas o esforço não é suficiente e elas acabam tendo que cumprir o curso natural da vida - a morte também é parte dele. Em outras queremos um jeito de voltar atrás, consertas os pequenos errinhos e as grandes catástrofes provocadas pelos nossos equívocos. Há momentos em que queremos que ele passe rápido e outros que rasteje seus ponteiros - mas o tempo é independente, e segue o ritmo que achar necessário, seja qual for a nossa vontade. Retrospectivas nos fazem parecer bobos, paradoxais, principalmente quando revelam a trajetória de uma inimizade se tornando uma relação extremamente amistosa. Mas aí está a essência de tudo: mostrar a relatividade da vida e a reviravolta que uma mudança de ponto de vista pode trazer. Revelar que a importância das pessoas é variável, bem como a presença e atuação destas no nosso cotidiano. Evidenciar, ainda, que não há julgamento vitalíceo e nem a possibilidade de engessar a sua opinião sobre o mundo: é tudo dinâmico, ainda que você acredite não ser. Não há parâmetros estancados, que sirvam de base a todo momento. Há ponderações sendo feitas a cada segundo, desvirtuando ou encaminhando pessoas a suas crenças. É um sistema muito mais complexo do que aparenta, regido por leis amenas e drásticas. E eu nem preciso dizer em qual delas a lei do tempo se encaixa, né? Severo ou brando, ele sempre existirá para nos ensinar um pouco da sua imensurável sabedoria. Só que, pra nós, o tempo é finito - não se esqueça de aproveitar o pouco que tem.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

como negar ?

Tem coisas que insistimos em ocultar, mas que transparecem sem o menor esforço. Todos os dias que eu abro meu blog torço secretamente pra ser inundada por uma maré de criatividade, forte o suficiente pra me conduzir a um Best Seller. Como vocês já devem ter notado minhas preces não são suficientes e, no final, eu não consigo conter a vontade de falar de coisas corriqueiras, mas excepcionais ao meu ponto de vista. Funciona assim quase sempre que tentamos mudar algo em nós: a nossa essência é imutável – ou pelo menos faz de tudo pra ser. Podemos acordar ao avesso, ir ao cabeleireiro e mandar ver um totalizante azul turquesa, fazer uma tatuagem inédita de dragão ou tentar quebrar o recorde mundial do número de piercings. Ou simplesmente passar de gótica a hippie, de prostituta a freira, de mendigo a burguês. O estereótipo tem lá sua importância – ou então ele não existiria – mas ela não tem tanta magnitude quando comparada ao que guardamos num interior praticamente inexistente aos demais. Mesmo quando fazemos algo contrariados, temos ciência do que realmente nos traria paz, nos faria feliz e realmente satisfeitos. Sabemos que aquilo não corresponde aos nossos reais anseios, mas ainda assim o fazemos com o intuito de agradar ou se encaixar em algum padrão bobo. Somos assim, meio lesados por deixar de seguir nossos instintos para priorizar os alheios. Só que não há escapatória quando o limiar de estoque de contrariedades é atingido. Eu sei – e vocês também – que essa história é invenção minha, pelo menos os termos bizarros. Mas sei também que é totalmente compreensível o que eu quero dizer: não dá pra viver sempre na contra mão do destino que pretendemos chegar. A libertação é um processo natural, afinal nos metemos nessa enrascada de fidelidade a maioria por um mecanismo meio incompreendido de amadurecimento. Faz parte quebrar a cara e ver que aquilo tudo foi perda de tempo e que é muito mais divertido ser quem você quer ser ao invés de se transformar numa cópia – muitas vezes mal feita – de um grupo de cabeças de vento. Se hoje você acha o máximo assistir os filmes da galera, comer a comida que a galera gosta e fazer as coisas que a galera faz, mas no fundo sabe o seu jeito de fazer todas essas coisas parece bem mais agradável, espere. A hora vai chegar e você vai ver como a originalidade será valorizada, até mesmo como item da tão sonhada popularidade. As pessoas, quando evoluem dessa fase de “somos todos iguais” começam a buscar indivíduos diferentes, que não se importem tanto com essa necessidade doentia de se camuflar sendo igual. Pelo contrário: eles querem mais é se destacar, ainda que isso venha naturalmente pela sua vontade peculiar de usar jeans surrados e cabelos esvoaçados. Realmente não há fórmulas pra ajudar quem se encontra nesse estágio, o que não seria uma má idéia e pouparia muitas almas da decepção. Mas do que é feita a vida, se não de desencontros? O que posso fazer é orientá-los a seguir o instinto e não negar aquilo que você realmente é – ou daqui a pouco nem você saberá mais.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

the one.


Nos meus breves dezoito anos de vida já vi filmes de amor dos mais variados tipos. Desde aqueles onde eles se conhecem no berçário da maternidade até os quais o amor aparece na terceira idade. E cada qual com sua teoria - maluca ou pirada - sobre relacionamentos, pessoas certas e todos esses termos os quais debatemos muito mais que uma vez na vida. Mas eu, cansada de ser telespectadora de tanta genialidade amorosa, resolvi externar a minha ideologia sobre essas coisas. Não é um manual de "encontre sua cara metade" mas são estágios diagnosticados de que você está, no mínimo, no caminho certo. Pode parecer meio estranho - talvez porque seja mesmo! -, mas o importante é soltar a imaginação e seguir o fluxo.
O modelo de pessoa certa, pra grande maioria da população, se enquadra naquela mesmice de "compreensivo, romântico, engraçado, nem tão bonito mas não tão feio, tenha amigos mas não me troque por eles" e por aí vai! Até aí, tudo bem, afinal tenho que dar o braço a torcer e dizer que já fui adepta a buscar por esse lado. Mas, se pararmos pra pensar, faz mais sentido buscar na pessoa que já temos características que a faça A pessoa, e não sair procurando feito louco o mister perfeição. Leiga que sou, visando facilitar o entendimento, resolvi elencar três estações e três lugares pelos quais qualquer aspirante a pessoa certa tem que ter passado e/ou estado. Vamos começar?
Quando digo estações, falo de estações do ano mesmo, tipo primavera, verão... essas daí! Obviamente não me restrinjo ao intervalo de tempo que estas delimitam, mas me apego a metáfora da explicação de cada uma. Pra início de conversa, temos que ter passado pelo verão e saído ilesos de todo o calor avassalador, sem derreter nossas expectativas. Após isso, um inverno rigoroso e a passagem por ele sem deixar congelar os sentimentos. Por fim, a tão florida primaveira, que vem como recompensa de um trabalho bem feito em todas as outras.
Os três lugares se resumem a velório, montanha e praia. Relacionamento que se preze tem que ter marcado presença nesses três aí! Mais uma vez, não estou indicando intinerário - se você já ia marcando seus passeios, pode sossegar aí! O velório traduz aquela situação onde vocês viram pessoas partirem, não somente no sentido literal da palavra partida. Pode ter sido aquele amigo que se disvirtuou, aquele que sumiu, seja por distância ou brigas, ou simplesmente viram pessoas se transformando - pra melhor ou pra pior - e findando algum ciclo da vida. A montanha representa as dificuldades, onde vocês ameaçaram cair, mas estiveram sempre a postos para estender as mãos um ao outro, e juntos alcançaram o topo. A praia relata aqueles momentos no qual correram juntos inúmeros riscos, como se afogar nas mágoas, ou soterrar sob a areia dos desentendimentos, mas souberam administrar as condições e sentir a brisa que essa sintonia proporcionou. É óbvio que existem critérios mais rigorosos e conclusivos do que estes que eu usei para encontrar a pessoa certa pra você. Mas quem detem a capacidade da avaliação é o seu próprio coração - e até ele pode errar nessa hora! Na verdade, não há com o que se preocupar: o sentimento que vai se instalar dentro de você no momento em que encontrar a sua pessoa será mais forte e mais claro do que qualquer blogueira arriscando falar sobre amor.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Cheirinho de saudade



Não sei o embasamento fisiólogico ou psicológico que explica essa associação, mas se você nunca sentiu um cheiro que te remetesse imediatamente alguém ou alguma situação, procure tratamento - você não é desse planeta. O exagero é pra mostrar o quanto isso é, concomitantemente, comum e assustador. Hoje, no auge do ócio, enquanto arrumava minha maletinha de maquiagens, resolvi experimentar um gloss que encontrei por acaso. Ao desenroscar o aplicador do tubo, o aroma do produto mais do que automaticamente acionou uma parte da minha memória que há anos eu não visitava. Era minha sétima série, e eu me arrumava pouco antes de 12h30min pra ir pra escola. Almoçava com a minha família, enquanto o "top 10" da rádio local tocava, tendo como segundo lugar uma música da Vanessa Camargo. Ao terminar, me levantava da mesa, escovava os dentes e adivinha? Passava aquele gloss. Não é só o fato de utilizá-lo na época, mas o modo como ele é um gancho pra que eu nunca esqueça daquele período da minha vida. Podia ter sido o sabor da comida, a música da rádio - que eu realmente não me lembro qual era -, o ônibus que eu pegava ou o caminho que eu trilhava a pé. Mas não foi nada se não o gloss cor de rosa e cheiroso que eu aplicava todos os dias. Engraçado, né? Talvez mais engraçado ainda seja o fato de eu ter guardado por tantos anos - e ainda me arriscado a usá-lo, afinal já deve ter vencido há décadas. E é óbvio que isso foi apenas um dos vários exemplos que poderiam ser citados do quanto essa capacidade do nosso cérebro é magnífica! Das situações mais óbvias, de sentir o perfume de uma pessoa e daí pra frente sempre ligar o cheiro a pessoa, até as mais aparentemente impossíveis, onde sentimos o cheiro de flores e lembramos da vizinha que conhecemos nas férias de verão no sítio da avó que plantava margarida. Tá, pode ser menos complexo que isso, mas não muda a essência da singularidade do processo. Espero que já tenha acontecido algo semelhante com vocês pra salvar o post de ser uma viagem absurda e o primeiro pensamento ser algo do tipo "Hã? Que que essa louca tá falando?". Mas, ainda que seja assim, caso não tenham tido o prazer de passar por uma experiência desse tipo, acreditem em mim: é sublime.

Homicídio da tentativa.



Travar batalhas diárias contra monstros invisíveis não é exclusividade minha, nem sua, nem de ninguém. Afinal, a realidade desse utópico individualismo que pregamos sempre desemboca nas semelhanças, inclusive com aqueles pelos quais não temos o mínimo apreço. É chato observar seus defeitos em outros, não por tê-los, mas talvez por compartilhá-los. Somos um tanto quanto egoístas, até nas coisas menos apreciáveis. É claro que temos uma gama de coisas em comum com todo mundo e isso torna impossível restringi-las aos defeitos. Gosto de falar deles pois acho engraçado o quanto vergonhoso é criticar alguém por ter um comportamento como o seu; em outras palavras, ver o sujo falando do mal lavado. Mas, apesar do desenvolvimento, não é sobre isso que quero falar. Retomando a primeira linha, consequentemente a primeira expressão, os tais 'monstros' podem até não serem visto, mas deixam aqui e alí suas marcas. Concordo que damos uma dimensão exagerada à uma coisa ou outra, mas também pecamos ao subestimar as consequências de uma bobeirinha. Mas se há uma coisa nas quais gostamos de nos apoiar são as queixas. Talvez seja da natureza humana ser assim, tão queixoso. Antes de efetuar uma ação, pensamos tanto nos prós e nos contras que acabamos exilando a possibilidade de executá-la por receio do que pode aparecer no caminho. E, quando vencemos essa fase e finalmente concretizamos algo, não pode haver um desvio da rota original que já corremos em buscas de desculpas, porquês e culpados - posto que raramente utilizamos auto-nomeação. Não nos contentamos em apenas seguir o fluxo, ou deletar o que não funcionou e reiniciar a operação. Não falo de ser sempre assim, pois isso caminha seguramente para a negligência, falta de atitude e crítica. Se nossas reclamações fossem construtivas, eu até as incentivaria. O grande problema é que quase sempre são palavras tão vagas, que surgem no calor do momento muitas vezes mais pra desviar o foco do problema do que pra solucioná-lo. Para evitar todo esse desenrolo, muitas pessoas apostam em sequer tentar. O que fazer então? Se eu soubesse, com certeza não estaria aqui desabafando trechos desconexos de interpretação do meu conflituoso ser. Mas gosto de expor essas opiniões, ainda que meio absurdas, pra que elas possam acender uma luz - nem que seja em mim mesma. Saber dosar as coisas e agir com coerência parece ser como uma arte milenar, um mito que aparentemente só os monges isolados conseguem executar com perfeição. Eis aí um engano: enquanto seres humanos, nem eles poderiam.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

let's go !

Todo começo é difícil quando comparado a trajetória. Seja para iniciar um texto de blog quando não se tem sequer idéia do tema, seja para dar início a um relacionamento, pra se livrar de um vício. É o primeiro passo que nos derrubará ou nos destinará à vitória - ele é mais importante do que a sua simplicidade tenta mascarar. Grande parte dessa áurea decisiva que envolve os começos em geral se deve pelo adicional que eles carregam consigo, comumente denominado por expectativa. Nos damos ao luxo de idealizar uma prévia do que está por vir, o que não seria má idéia se não fosse a quantidade exacerbada de medos e anseios que deixamos se misturar às possibilidades. Observamos isso quando o fluxo corre e as coisas acontecem, mostrando que tanto sofrimento antecipado foi absurdamente desnecessário. Ainda que sejam situações e contextos rotineiros, é um mal hábito por nós adotados de criar hipóteses e sofrer com o seu cumprimento ou negligência. Mas tudo acaba quando, finalmente, rompemos todo e qualquer envoltório que tenha por objetivo nos separar da realidade e mergulhamos nas nossas pretenções, ignorando os temores e arriscando nas perspectivas. É elementar que dissertar faz tudo parecer simples e metódicos - mas sabemos que não é assim. Dificuldades são fantasmas que nos assombram constantemente e só são exorcizados quando determinamos a ordem de prevalência entre nossos objetivos e nossas capacidades; e mais: há ainda a necessidade de entender o dinamismo do processo, afinal você só saberá o quanto é capaz ao correr atrás de cumprir suas metas, não se rendendo ao comodismo e fazendo pelo menos um trabalho mental para alcançar seus anseios. Do mesmo modo que discorrer sobre um assunto pode fazê-lo parecer simplório, alguns temas ganham proporções irreais quando inseridos em discussões. Nesse caso, falar fica em segundo plano e a parte prática toma a dianteira, mostrando o quanto a racionalização nem sempre é a opção mais eficaz. Em outras e simples palavras, falar menos e fazer mais. Não vale a pena, no meu ponto de vista, perder toda a emoção do percurso, os aprendizados, dificuldades, ganhos e perdas pelo simples direito de ancorar-se nos "talvezes". Como um dia me disseram, há sempre cinquenta por cento de chance de acerto e de erro. O que vale mesmo é abandonar seus dons matemáticos e errar a conta através de atitudes positivas pra aumentar o saldo das boas possibilidades. No mais, arrisque-se mais e deixe pra pensar depois... garanto que tempo só irá lhe faltar se o pouco que você tem for perdido em achismos.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

happy birthday!

Eles não perdoam. Os anos estão aí, interruptos e independentes da nossa vontade de não deixá-los passar. Ou, por vezes, contrários a nossa fixação para que atinjam alta velocidade e passem suficientemente rápidos para não serem notados. Hoje, mais um passou pra mim e eu completo dezoito primaveras. No entanto, nem tudo foram flores e os invernos mais rigorosos já reinaram nessa minha pequena história de vida. Aniversários são datas festivas, ainda que existam pessoas que simplesmente abominam a data; não é o meu caso - eu me dou bem com tantos e simultâneos parabéns. É divertido observar os processos que amparam essa data e, principalmente, notar a rapidez com a qual estranhos se tornam amigos e desejam o bom e velho 'tudo de melhor nessa data especial'. Não dá pra fugir do clima de reflexão e expectativa que fica no ar, de toda a curiosidade sobre os dias que estão por vir e suas respectivas semelhanças e diferenças com os que já passaram. Se as pessoas que eu cativei até aqui perpetuarão sua presença anos a fio, ou simplesmente vão se desfazer no tempo e mal deixarão lembranças concretas. Vem aquela sensação de retrospecto, de avaliação e conclusões, das mais variadas espécies, como se hoje fosse um dia de fazer o balancete e ver se a minha empresa lucrou ou vai a falência. Felizmente, posso assegurar que o movimento foi bom e o saldo positivo, pois eu chego a essa data com a ficha limpa e a conta gorda de amigos da melhor linhagem. Não vou estender meu raciocínio por muitas linhas, até porque a ansiedade e esperança pelos abraços e ligações que estão por vir me tomam muitos pensamentos e nem sempre sobra o suficiente para escrever com qualidade. É o primeiro texto dos dezoito anos, e eu sei que vinte e seis minutos de maioridade não mudam tanto assim uma pessoa. Mas temos que ficar espertos com as mudanças - elas são sorrateiras. A mesmice camufla boa parte delas, então por via das dúvidas, já prefiro começar acreditando na transformação relâmpago logo nos primeiros minutos. À vocês, boa noite. E a mim, os parabéns. Feliz dezoito anos, feliz maior e melhor idade :)

quarta-feira, 16 de junho de 2010

...pode estar do seu lado!

Seria realmente cômico, se não fosse trágico, ver o quanto ficamos contrariados quando alguém nos ilude, mas o quanto somos inócuos quando nos encontramos como executores de tal ação. Insistimos em armar toda uma estrutura para salientar nossas dificuldades, cobiçar coisas supérfluas, invejar até a falta de talento alheia e, em momento algum, se lembrar das incontáveis qualidades que se escondem por trás dessa armadura desastrosa. Ainda assim, é impossível esconder que conhecemos bem o quanto os pequenos momentos nos fazem bem, aquelas pessoas específicas nos alegram e aqueles pensamentos bobos nos arrancam sorrisos aos montes. Não precisamos ter o status de um famoso, nem copiá-los em suas atitudes impensadas e imaturas para que sejamos alguém - nós já somos. Temos nossa importância, ainda que nem você saiba reconhecer isso. Somos conscientes do orgulho que nos incendia ao sermos citados por alguém como especial, essencial ou simplesmente existente. Não precisamos esbanjar luxos os quais sequer conquistamos, muito menos subestimar e menosprezar pessoas que pouco ou nenhum mal nos fizeram. Boas lembranças são aquelas que envolvem a ativação das nossas melhores capacidades e não as que nos sobressaímos tendo, pra isso, que ignorar quem sempre nos estendeu as mãos nas horas de angústia. Temos que colecionar méritos por tarefas árduas, como perdoar aquele que, de alguma forma, te prejudicou, e não por ter vencido uma discussão sem conseguir extingui-la no final. No fundo, todos nossos sabemos nossa composição e as devidas proporções de bondade e da falta dela. Exaltamos a que mais nos convem, quando assim achamos necessários. Vagamos nossos pensamentos em buscas de porques e ainda nos prendemos a observar atentamente o verde da grama do vizinho em comparação ao da nossa própria. A relatividade existe sempre, ainda que implícita ou bem maquiada e é ela que nos ampara em nossas escolhas e, principalmente, no motivo pelo qual fazemos uma opção. Há sempre hora para usar o coração, mas há também a hora de deixá-lo falar em menor volume e ouvir uma boa, mas nem sempre a melhor, parte de nós: a razão. Já citei anteriormente aqui o equilíbrio dinâmico, que mais parece efeito dos estudos de química - e pode realmente ser. Os resultados nas coisas relacionadas ao futuro obviamente não tem previsão de chegada, fazendo a busca pelos mesmos parecer inútil ou, pelo menos, incessável. Mas, ao contrário dessas duas possibilidades, é o modo como trilhamos o caminho que ditará o quão longe estaremos ou permaneceremos do resultado esperado. O foco nem sempre precisa estar em onde se quer chegar, mas principalmente em como fará pra isso e com quem poderá contar. Por isso, a palavra de hoje é valorização! Por um dia, exalte menos quem sequer conhece sua existência e ainda assim tem os defeitos omitidos e qualidades exaltadas e transfira todo esse valor pra quem caminha do seu lado e, ainda que perceba a sua invisibilidade, nunca desvia a outro rumo pelo simples motivo de não te deixar sozinho.

sábado, 12 de junho de 2010

Valentine's Day

Falar sobre relacionamentos quase nunca é uma tarefa trivial. Qualquer interação entre seres humanos tem tantos pontos críticos que dificulta recursos como comparação ou um estudo mais detalhado sobre essas relações. A idéia inicial de falar sobre esse tema veio acompanhada da vontade de fugir do tradicional, abusar de termos chulos e citações aleatórias, como a célebre da parte não tão alva da cultura musical brasileira "solteira sim, sozinha nunca". Mas nem sempre é possível fugir a uma linha de raciocínio - e nem recomendado. Essa proximidade com o Dia dos Namorados, data tão esperada pelos casais apaixonados e repugnadas pelas panelas sem tampa, evidentemente teve grande influência sobre minha escolha. As vitrines das lojas ganham a tenebrosa coloração avermelhada da paixão, ornada com coraçõezinhos e outras coisas fofas que remetam ao amor e a importância de celebrá-lo. Não que quem não tenha namorado não ame, mas apenas não tem essa necessidade de expor ao mundo como e quanto ama. Pior do que lidar com esse bombardeio de artigos para namorados é alegar estar "solteiro por opção". Você acha mesmo que há essa categoria? Podemos não ter achado a pessoa certa, não estar no momento certo ou até mesmo no lugar certo, mas nada disso ocorre por pura escolha! A não ser que você acorde com uma peculiar vontadezinha de se trancar num quarto escuro e nele habitar pelo resto da vida, se ausentando da companhia de qualquer um - aí sim, totalmente sozinho por opção. Há quem se zangue em ser denominado como encalhado, o que não é o meu caso. Ofensivo mesmo é dizer que está com alguém apenas para não estar sem alguém, isento de qualquer sentimento especial. Como eu disse, relacionamentos são complexos e até a falta deles é motivo para longas e ineficazes análises. Não gastar meu dinheiro num dia de junho me faz sentir bem. Mas, não ter com quem gastar meu dinheiro nesse tal dia, nem tanto. "Antes só do que mal acompanhado" é a última frase que gostaria de citar hoje (prometo!) pois, dentre tantos outros termos pouco sinceros, é o que merece crédito por sua singular veracidade. Não sei vocês, mas eu prefiro passar o dia dos namorados (e a véspera dele) escrevendo para um blog sobre relacionamentos mal sucedidos do que me lamentando por estar com alguém o qual eu, nem por um segundo, gostaria verdadeiramente de estar. Seja qual for a sua situação, se está contando as horas pra que chegue o amanhã ou para que ele passe tão rápido que mal seja percebido, um feliz dia dos namorados. E não caia nessa de um dia pros namorados e trezentos e sessenta e cinco pros solteiros, pois felicidade pode ser alcançada quando e como você quiser. Amem... amém!

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Somos daquele tipo, aquele tipinho bem medíocre que acha que é só aprender alguma coisa que já tem gabarito pra ministrar congressos sobre o assunto! Daí, insistimos em crer que verdadeiras lições se resumem a meio cento de palavras mal distribuidas entre gaguejos e disparos em uma dúzia de minutos. Se expandíssimos as voltas que damos em torno de nós mesmo nas tentativas frustradas de sobressair desnecessariamente a caminhada seria, no mínimo, longa. Queremos tanto solucinar problemas que as vezes até confeccionamos alguns, na esperança de quebrar a cabeça para resolvê-lo. Tanta semelhança ao mazoquismo só nos permite observar o quanto nos tornamos alienados quando vivemos uma busca eterna, sem eixos, sem orientação e, principalmente, sem objetivos. Somos degenerativos, e do pior tipo: os conscientes. Essa necessidade embutida de ter complicações, não se contentar em uma vida linear e a procura por indignações é, infelizmente, parte de nós. Fragmento desse todo que nos faz seres humanos extremamente sucetíveis a falhas. Algumas reversíveis, outras fatais; que afetam apenas a nossa rotina ou que refletem na agressão, ainda que indireta, à vida alheia. Assumir nossos erros é diferente de assumir nossa capacidade de errar. Muitas vezes nos damos por vencidos pelas nossas improdutividades e afirmamos aceitá-las por não enxergar soluções cabíveis. Aceitar a situação de errante é, por outro lado, muito mais do que ter apenas compreensão por cartada final: é compreender todo o processo, desde o meio tendencioso ao qual estamos inseridos até o nosso limiar de dicernimento. Enxergar que nossos acertos estão cercados pelos seus antônimos, engatilhados para nos atingir em cheio e fazer com que caiamos da corda bamba onde nos localizamos durante todo o tempo. Acima de tudo isso, enxergar no próximo um reflexo de si mesmo, dos seus méritos e desgostos ainda que em proporções e apresentações distintas daquelas que nos apresentam. Uma vez ou outra seremos mesquinhos, soberbos, confiantes demais quanto não se sabe sequer o que faz, descrentes demais quando se tem potencial além do necessário. O valor disso tudo está em sermos crédulos em uma segunda chance, mas jamais dependentes dela.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Sobre os porquês, sins e nãos

"Pessoas aleatórias, que compõem a nossa realidade, mas não tem consciência e nem acesso à influência que causaram num determinado momento" ¹

Muito mais que muitos participantes assíduos de nossas massantes rotinas. São as chamadas exceções que se destacam por andarem num caminho contrário ao da maioria - e mais: nos convidam a acompanhá-las sem determinar o destino final. Atiçados por nosso espírito aventureiro e barrados por noções duvidosas de moral e ética entramos num conflito interior onde entra em questão nossas prioridades. Ao que costmamos dar preferência? Ao novo em busca de uma oportunidade de ser inserido ao nosso acervo de experiências ou ao costumeiro. fiel integrante do nosso fardo de necessidades básicas? Nem sempre optamos pelo que nos fará melhor, principalmente pela dificuldade dessa previsão. Mas, ainda que sem um aparato matemático, é mais provável que tenhamos mais êxito quando associamos raciocínio à intuição. Formulando essa junção, acabamos buscando o equilíbrio, mas um dinâmico de compensação entre erros e acertos e não um estátivo, pois assim estaríamos rumo a uma busca incessante e inalcançável: a perfeição.
Como não se trata de uma atividade espontânea, gradualmente vamos agregando e constituindo nosso império particular e, muitas vezes, restrito aos demais. E restringi-lo não nos conduz ao egoísmo se soubermos expor não os métodos, mas os resultados traduzidos em coisas básicas, como o crescimento e amadurecimento psicológico. Mais importante que listar os passos a ser seguidos é concretizá-los; busque, faça, erre e aprenda - só não se esqueça jamais de compartilhar.

Anna Paula Oliveira
18 de maio de 2010, as 17:24

¹: frase originadora de todo o resto que se auto-formulou durante uma aula de epidemiologia analítica.

domingo, 23 de maio de 2010

Quanto mais melhor ou quanto melhor, mais ?

Se ninguém nos dá um manual de instruções, como é querem que saibamos o exato modo de fazer as coisas? Primeiramente, mais difícil que isso é determinar o que é exato dentre tanta relatividade. Bem antes de Einstei inventar sua teoria, já tínhamos que lidar com as ponderações devido a pontos de vista ou qualquer outro quesito. Obviamente, nossos antepassados tinham uma tolerância desprezível em relação ao espaço democrático que montamos na atualidade, mas nem tal repressão impediu que houvessem considerações a serem feitas antes de um veredito. As pessoas enxergam e levam a vida de modos tão distintos que as vezes é complexo enxergá-las como componentes de um mesmo grupo. Umas acreditam na idéia de que viver a vida sem limites é a definição perfeita de aproveitá-la. Já outros, acreditam que os perfis mais conservadores são os ideais para absorver tudo de importante que a nossa passagem por esse mundo oferece. Como não há modelos ideais, não há parâmetros a serem delineados e seguidos e resta a cada um aplicar a versão que melhor se encaixar na sua realidade. Particularmente, gosto de comparar nossa vida a um álbum de figurinhas, ou uma grande pintura em mosaico. Quando nascemos, ganhamos um em branco e vamos completando conforme recebemos nossas figurinhas ou fragmentos. Há sempre aqueles comuns, que todos tem e encontram com facilidade, mas que sem eles jamais conseguiriam completar o álbum. Alguns você não está procurando, mas grudam bem diante do seu nariz e não lhe dão opção que não seja encontrar o seu espaço e colá-los alí. Não podemos deixar de fora as mais raras, que todos buscam de uma forma tão incansável que, de tão focados, passam por cima e só a encontram na sola do sapato quando estão descansando de tanta procura. E, ao passar do tempo, gostamos de folhear algumas páginas e lembrar da história que envolveu a adesão de casa rostinho alí grudado. Infelizmente, algumas se desgastam e se vão, mas só o seu espaço semi preenchido com o que sobrou da figurinha é suficiente para alimentar as lembranças e fazer com que esteja sempre alí, num lugar que é só seu por direito. Nem todos conseguem completar seu álbum, mas talvez esse não seja o objetivo: algumas vezes, se empenhar na busca e saber aproveitar cada novo fragmento aderido é mais importante que focar em ter tudo sem importar o que ou quem seja. Em suma, as vezes a gritante diferença entre o quantitativo e o qualitativo pode ser de um aprendizado inestimável. Valorizar cada figura do seu álbum é reconhecer o quanto foi positiva e necessária a sua aquisição.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Here we go... again!

Depois de tanto tempo sem postagens, aqui estou para retomar as atividades desse aglomerado de bobagens que eu tanto aprecio dirigir. Devido a minha ausência (e que essa não seja jamais tomada como desistência, que fique claro) não acho que seja o caso retornar com dizeres filosóficos, os quais só fazem sentido após um longo processo de interpretação e tudo isso que já é rotineiro por aqui. Quero usar o espaço hoje pra falar um pouco sobre o que vem acontecendo nos mais diversos ramos da minha vida. Profissionalmente (como é difícil usar esse termo quando não se tem uma profissão de fato), recentemente passamos por tempos difíceis de greve e atrasos, muitos atrasos na nossa vida acadêmica. Agora, retornamos às aulas, mas ainda com algumas leves dificuldades que, no entanto, passam despercebidas quando comparadas ao que nos acompanhou nesses quase 60 dias de paralização. Emocionalmente, o caos ainda está instaurado e me convencendo a cada dia que mandinga nenhuma irá quebrá-lo. Sim, isso é sinal de que muitos textos que virão terão como plano de fundo relacionamentos frutrados, prepare-se! Não sei mais nomes de "setores" da vida, mas em suma os sonhos permanecem os mesmos, ainda que alguns tenham ganhado dimensão e mais ambição para alcançá-los! Nesse tempo ocioso, deixei muitas coisas destrutivas me acompanharem intimamente, mas estou tentando me livrar desses pesadelos, ainda que não seja tão fácil quanto parece quando se escreve sobre! Tais pesadelos não são individuais - pelo contrário, são compartilhados por uma grande parcela da população, o que faz deles fortes candidatos a serem aqui debatidos! Meus amigos são os mesmos, não acrescentei nenhuma pobre alma a minha lista de queridos para sempre. Mas se bem me recordo, deve ter havido algum corte de gastos emocionais e uma galera desnecessária foi simplesmente desplugada do meu círculo de amizades (adoro essa expressão, é um luxo!).
Em relação a família, ganhamos um novo membro: a Safira! E não, não sou mais uma mãe adolescente, até porque não daria um nome desses a minha filha (nada contra, Safiras humanas do mundo!). Falo da minha gatinha siamêsa, uma peste bagunceira, mas tão amada que as vezes até duvido se tratar de um animalzinho apenas! Ela protagoniza os casos dessa residência de mulheres loucas, até porque ela atende bem aos pré-requisitos de não gozar da total normalidade. Estou atrasada pra faculdade, mas também não tenho muito mais sobre o que falar nessa reapresentação ou reavaliação, como preferirem. Voltarei a ser a escritora assídua de sempre (assim espero, pelo menos) e compartilharei a minha visão, ora peculiar, ora coletiva sobre as coisas mais sérias imagináveis - e, pra não perder o costume, as mais inúteis também!

domingo, 25 de abril de 2010

E se um dia, apenas um dos tantos que deixamos passar despercebidos, pudéssemos parar e voltar nossa atenção àqueles que não se queixam quando motivos não faltam, que sorriem quando motivos não há, que lutam quando forças não há de onde tirar, nesse dia conheceríamos intimamente o real significado da solidariedade. De uma vez por todas desacreditar que palavras são mais importantes que ações, que intenções se restringem ao campo das idéias, que capacidade nos falta ou limitações nos sobram. Uma presença, um ombro amigo, até mesmo uma companhia na hora que mais se precisa, seja ela para um irmão, ou para um desconhecido. Fazer o bem sem olhar a quem, guardando seu preconceito ao lado do seu egoísmo e esquecendo-os por tempo indeterminado. Estender a mão sem subestimar o seu alcance, estar preparado para ouvir gritos de dor, e ao mesmo tempo abafá-los com palavras confortantes. Ajudar o próximo, e o próximo e o que vier depois dele também, incansavelmente. Entender o porque de se denominar humano e sentir uma sede por ver o bem, fazer o bem, proporcionar o bem. Derrubar suas cercas e construir pontes, conectar os povos e mostrar que, ainda que seja nas fraquezas, todos são iguais. Enquanto o outro sofre com a dor física, sofrer com a espiritual por assim vê-lo. Mas não se render às adversidades, combater as doenças da alma, lutar pelo impossível e algumas vezes contra ele. Em troca, sorrisos. Em troca, vidas. Não perder o juízo, a paciência e nem a capacidade de acalmar os desesperados apenas mostrando a sua capacitação em ajudar seus entes queridos. Ouvir aplausos silenciosos dos olhos inflados de orgulho; salvar. Salvar uma vida, dar um novo sentido a ela, remoldá-la, reconfortá-la. Curar as fraturas do íntimo, expostas à todo sofrimento que a vida oferece. Dedicar seus dias, suas noites, seus sonos, perder seus sonhos e pesadelos em troca da versão real dos mesmos. Ver barbaridades, ser barrado pela burocracia da modernidade. Deparar-se com pessoas que não entendem o significado de uma vida, muito menos de salvá-la. Respirar fundo, acordando a cada dia com a missão de não deixar apagar a chama da esperança. Diagnosticar as dificuldades e prescrever medicamentos para que por elas se possa passar. Receitar felicidade e ensinar que se trata de dosagem ilimitada. Se ligar a Deus, agradecendo a perfeição e a possibilidade de reparar os danos que venham a surgir. Carregar de importância seus erros para que eles nunca venham a acontecer, mas principalmente saber seguir após a incidência de algum. Sentar no mesmo banco de espera que a morte - que se torna uma assídua visitante. Espantá-la, lutar ao máximo e, se de outro jeito não puder ser, aceitá-la e divulgá-la. Missões difíceis, mas não há com o que se preocupar: falamos aqui de seres extraordinários; falamos não de pessoas, mas sim de heróis.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Um dia eu acordei com um sentimento extremo de resolução. Não queria deixar a pasta de dente inacabada na pia, muito menos deixar o chinelo virado de cabeça pra baixo. É claro que as resoluções que me vieram em mente não era simples e superficiais como essas situações, mas o extremismo se traduz mais ou menos por aí. É divertido enxergar, depois de tantos anos, o quanto é pequeno o aprendizado que acumulei até aqui. Ao contrário do que os meus momentos de fúria ou orgulho me faziam pensar, eu não sei o suficiente sequer pra entender as minhas próprias atitudes. O papo de a vida ser um aprendizado contínuo, eterno não é só papo furado. Dobrando a esquina pode ser que você se depare com algo que mude radicalmente toda a sua visão das coisas, das pessoas e de si próprio. Alguns erros, de tão cometidos, começam a ser confundidos com acertos e ficam impregnados na sua essência, impedindo que você tenha êxito, que você faça a coisa certa quando necessário. Tudo isso forma uma camada que te isola de um mundo bem mais colorido lá fora do que esse seu preto e branco, desbotado pela insistência naquilo que não te faz bem de modo algum. Rasgar essa película obscura, obviamente, não é instantâneo e nem prazeroso. Dá trabalho relutar contra algo que abrange uma parte tão grande de você, mas a recompensa torna tudo muito válido. Não conheço ninguém que, de dentro da lama movediça, não tenha pensado em desistir. É sempre assim quando se está numa situação difícil - se entregar parece sempre ser a opção mais lógica e atraente. Mas ela é, na verdade, traiçoeira. Agarrar-se àquela mão que lhe foi estendida e relutar contra o afundamento é disparadamente mais difícil, mais chato, mais trabalhoso e árduo - mas é o que mais te fará bem quando tudo acabar. Contar tudo isso aqui não me faz pensar que você mudará a sua vida e dirá 'realmente, vou mudar daqui pra frente'. Até porque eu tenho plena consciência que a experiência do próximo é algo digno de, no máximo, uma motivação passageira ou um 'nossa, como ele foi valente!'. Parece que a coisa só funciona quando bate a nossa porta ou mexe diretamente com os nossos interesses. A minha intenção é que, quando isso te acontecer e você sentir uma vontade louca de lutar contra as dificuldades, mas tiver medo, se lembre que há mais loucos por aí que lutaram, conseguiram e ainda se lembraram de postar algo sobre, num blog desses desconhecidos por aí.

quarta-feira, 10 de março de 2010


O amor também acomoda. Não julgo aqueles que não compreendem a propriedade com a qual me reporto a tal sentimento, mas não por achar ser uma boa entendedora do mesmo e sim por conseguir identificá-lo na maioria das vezes que ele se faz presente. Porém, como nem só de bons resultados são feitas as coisas, o tal amor também se envolve no lado ruim das coisas. Ao amar, e se sentir amado também, passamos a ter expectativas, esperar respostas e, por que não, correspondência. Acordamos e dormimos com um pensamento martelando em nossas cabeças de que “amanhã tudo vai se resolver”. Mas aguardar pela resolução de relacionamentos mal resolvidos é, de longe, utopia. Casos assim carecem de atitude, não de espera. Entretanto, como nada na vida é assim tão trivial, ter alguma ação é relativamente complexo, causa medo de perder aquilo que sequer temos de fato. O que importa é sim o que se sente, mas precisamos de uma coisa para completar esse quadro: precisa-se de segurança. Segurança de que amanhã posso ligar, desabafar, chorar, beijar, abraçar e estar com a pessoa sem que ela me apareça com casamento marcado no dia seguinte. Segurança de afirmar “sim, estamos juntos” sem o receio de que o outro negue numa ocasião posterior. Segurança apenas de se sentir completa e usufruir dos benefícios dessa companhia. Não exigir tais definições deixa o outro lado cômodo a se manifestar apenas quando for sua vontade, a procurar o seu carinho apenas quando não encontrar em outro lugar e a estar em sua companhia quando e onde bem entender. Os sentimentos, ao contrário das intenções dessa pessoa, não são assim tão questionáveis, pois são coisas confusas, de difícil determinação. Mas a vida é assim, e é preciso que tenhamos a capacidade de superar nossas dúvidas para distribuir os pontos de exclamação ao longo da seqüência duvidosa que deixamos construir quando nos comportamos desse jeito indeciso. Não conto com uma resposta positiva para ambos os lados todas as vezes, mas só de se ter uma já é o suficiente para se dar por satisfeita – ou construir outras perguntas junto a outras companhias.

terça-feira, 9 de março de 2010


Do sombrio mundo da escuridão ao áureo universo da luz existe apenas um fechar de olhos. O simples ato de abri-los proporciona de imediato um número inacreditável de acontecimentos, em sua maioria benéficos e construtivos. Amigos podem lhe aconselhar, guiar o seu caminho e até compartilhar experiências após regressarem de algum aprendizado, mas apenas você pode conduzir-se,de corpo e alma, para embarcar numa nova viagem a cada dia. Temos o hábito de compartilhar nossos méritos, distribuindo-os entre aqueles que por ventura cruzaram nossa caminhada. Não é o caso desmerecer a contribuição destes, mas é primordial valorizar-se tanto quanto o merecido. A nossa batalha é diária, desde os mais pequenos acontecimentos às atitudes decisivas as quais temos que tomar. Desfrutarmos da vida é uma dádiva e, ao mesmo tempo, uma jornada tortuosa e árdua, que só premia com bons frutos àqueles capazes de cruzá-la com dignidade. Isso não significa que se espera sair ileso, pelo contrário: esperamos cicatrizes como troféus de batalhas, mostrando que edificamos nossa personalidade e caráter, moldamos nossa essência para que esta se transformasse no que hoje é. Em momentos de tristeza podemos chegar a questionar nossas vitórias, ou se congratulação que recebemos pelas mesmas foi suficiente. Foge do trivial evitar tais pensamentos, mas é sempre necessário a racionalidade de analisar as situações levando em conta a tendenciosidade que se esconde por trás dos nossos dias incrédulos. Somos todos lutadores, vencedores pelo simples fato de nos arriscarmos a algo. Viver na passividade seria o único motivo para não se parabenizar, visto que o simples fato de tentar te coloca mil vezes mais próximo de conseguir do que se você restringisse suas intenções ao plano imaginário. Não somos robôs programados para ser cem por cento do tempo confiantes em nossas atitudes, até porque a dúvida nos leva a renovar nossas capacidades colocando-as em prova sempre que necessário. Só não devemos extrapolar nas cobranças e nos lembrar do quão importante são os obstáculos que tanto se fazem presentes em nossos caminhos: eles nos ensinarão a saltar sempre mais alto, a ter mais perspicácia ao lidar com as mais indefinidas situações e a saber dosar a força dos seus passos, para aumentar a distância que poderás percorrer. Suas conquistas, bem como os desafios que o conduziram até elas, podem ser desconhecidos ou indiferentes para a maioria das pessoas, portanto evite contar com o empolgamento alheio. O importante é que você seja íntimo de suas histórias, contabilize seu suor e suas lágrimas que regaram seu caminho e, acima de tudo, acorde todos os dias agradecendo por mais uma oportunidade de atingir os objetivos que ainda não foram alcançados. Não desista jamais, pois há uma pessoa que está lhe acompanhando a cada passo, aguardando e torcendo sempre pelo seu êxito: você mesmo.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Circundando nossos limites pessoais, há fronteiras invisíveis entre nossas intrínsecas construções e as das demais vidas lá fora. Ignorar a existências de interseções é, de longe, besteira. Agredir a propriedade alheia, além de fugir bruscamente dos padrões clássicos de ética, significa ainda ultrapassar seus próprios limites e mergulhar num ambiente novo e impessoal. Ao tomarmos uma atitude que prejudica ou prejudicará o próximo, estamos apenas expondo o nosso futuro a receber posteriores conseqüências, que podem ser a nós reconduzidas com uma dimensão maior do que a inicialmente tida. Magoar é doloroso, para ambos os lados, mas principalmente para aquele que remoerá inesgotavelmente todo o ocorrido e jamais conseguirá digerir os fatos sem uma grande azia emocional. Magoar-se, então, beira o suicídio sentimental. Posso afirmar como exemplo vivo que, nessas situações, procuramos um escape qualquer para exprimir ao mundo toda essa angústia. Más notícias: ela não sai. Encontrar o equilíbrio próprio é uma tarefa árdua e que nem sempre é possível de se cumprir. Não saber definir os próprios sentimentos te impossibilita de sequer conseguir compreender os de outrém. E, como uma bola de neve, o acúmulo desses pequenos problemas acaba gerando uma grande mal, que passa aos poucos a degenerar o que você é e transformá-lo num irreconhecível emaranhado de dificuldades e dúvidas de sua própria autoria. O próximo passo é tornar tudo um pesadelo, sem paciência sequer para ouvir os seus próprios e confusos pensamentos. Não gosto e talvez não prefiro pensar num desfecho radical para essa situação, uma vez que me identifico totalmente com a qual estou descrevendo. Tenho medo de que reassumir as rédias seja um objetivo inalcançado e que essa condição de desequilíbrio comece a ditar e me obrigar a seguir suas regras. Nessas horas, precisamos de toda a compreensão e ajuda as quais denominamos desnecessária por conta da sensação de que podemos resolver. Mas não podemos. Estar sujeito a perder o controle de si mesmo é algo realmente assustador.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Menos reticências, mais exclamação!

Fazemos parte de um mundinho pacato, que só pode ser assim nomeado por conta das nossas atitudes e, principalmente, pela falta delas. Nos acostumamos a receber migalhas, subestimar nossas capacidades e acomodar nossos princípios de acordo com as nossas oportunidades. Assistimos no conforto da nossa ignorância as roubalheiras denunciadas nos noticiários manipulados pelas forças invisíveis de uma minoria controladora. E o melhor é nos sentirmos em condições de apresentar uma opinião 'própria' que nada mais é que o resultado do nosso processamento a partir de idéias ruminadas e disseminadas por aí. Hoje, a contaminação se tornou inevitável e a pureza e realidade dos fatos, coisas que só residem na imaginação dos mais crédulos. A conseqüente divisão entre iludidos e céticos nos deixa como opção aceitar a enganação ou mergulhar na desilusão de ver emergir o caos. Como se não bastasse negligenciar a necessidade da participação efetiva nos assuntos que incidem diretamente sobre a vida da sociedade como um todo, optamos ainda por nos espelhar nesse molde de comportamento para atuar na nossa vida pessoal. Acenamos de longe para as oportunidades ao invés de buscar agarrá-las; vemos o barco rumo ao naufrágio e sequer pensamos em utilizar o bote. Desistências múltiplas, é disso que nos alimentamos ultimamente. Talvez a facilidade tenha nos subido a cabeça e feito esquecer da importância de correr atrás de um objetivo e de quão realizador é o sentimento proveniente do alcance do mesmo. Deixamos a aparente calmaria alienar nosso instinto revolucionário, de domínio daquilo que é nosso por direito. Não é apenas reclamar do imposto abusivo cobrado indevidamente que vai parar nas meias e cuecas de políticos corruptos, ou aplaudir a prisão de um entre tantos praticantes de tais atrocidades. Não é só ameaçar quem lhe maltratar ou criar um alvoroço por um incidente no trânsito. Mudanças, pra se tornarem válidas, tem que ser consistentes, substanciais. Impulsividade é sinônimo de momentaneidade, resoluções superficiais. Devemos reparar nossas bases, educando nossos sucessores para não repetirem nossos passos falhos e nem acreditarem nas mesmas más intenções as quais tanto nos iludiram e ainda iludem. E, de uma vez por todas, aprender quando devemos utilizar nossa passividade e quando devemos deixar que ela dê lugar a algo por vezes muito necessário: reação.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010


Eu preciso de ajuda. Não estou a beira da morte, pelo menos não que eu saiba. E muito menos pensando em um plano suficientemente audacioso pra requerir reforços. Eu preciso mesmo é de uma ajuda coletiva, a qual todos deveríamos ter direito por natureza. Uma ajuda invisível, mas com efeitos de grandes proporções. Um auxílio na batalha diária contra as dificuldades, um conselho certeiro nas piores indagações, um amparo após os tantos tropeços e quedas que as pedras no caminho nos proporcionam ou proporcionarão. Uma dica sobre o que falar naquela discussão, ou simplesmente sobre quando pará-la. Uma reflexão conclusiva acerca daquilo que te faz ou não bem e como agir para determinar essa classificação. Uma resposta praquelas dúvidas intrigantes sobre o amor, como proceder, como identificá-lo, quanto acreditar. Essa ajuda é cobiça de todos, mas materializada a ninguém. Essa ajuda, na vida real, se chama experiência. Ela está alí, todo o tempo, estancada a espreita de que nossa visão finalmente se clareie o suficiente para enxergá-la. Nem sempre conseguimos driblar toda nebulosidade e chegar ao pleno límpido, mas uma leve dificuldade é sempre bem vinda para nos deixar mais alertas e capazes. E que jamais pensemos que só de acertos é feita uma vida, pois os erros são acionistas majoritários nessa jornada, mas nem por isso devem receber o título de vilões. Estão sempre aliados a aprendizados que, valiosos ou não, tem sua contribuição para a formação pessoal de todos nós. Por fim, devemos ter mais cuidado ainda com nossas conclusões. Abarrotadas de achismos e restrições, elas podem ser as maiores causas de desavenças desnecessárias, por tentarem omitir a existência do próximo, com seus lemas e opiniões. Não há manual da vida, muito menos vidas iguais; há apenas pessoas que optam por contribuir para uma melhor convivência ou dificultá-la, a troco de nada.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010


Algumas verdades. É isso que motiva a maioria das pessoas a prosseguir: encontrar respostas para suas árduas indagações da vida e, a partir daí, concluir o motivo da sua existência ou simplesmente contemplar a resposta sem apreciá-la o suficiente, já almejando uma posterior. A cada passo dado uma série de coisas se move ao nosso redor, proporcionando, dificultando ou simplesmente deflagrando inúmeros acontecimentos aleatórios que, quando combinados, alteram nosso destino de forma temporária ou irreparável. Nesse cenário, você acha realmente provável que as tais soluções tenham um longo prazo de validade? Eu diria que não. Raras as pessoas que consolidam raízes em nossas vidas, pois a maioria é mesmo passageira - mas nem por isso desprezível. O vai e vem que dita o ritmo dos acontecimentos é praticamente involuntário e nós, perdidos no meio disso tudo, não paramos de tentar remediar ao invés de curtir e aprender com as dificuldades. É tão difícil encontrar alguém que compreenda exatamente como nós o sentido das coisas, que compartilhe de crenças e questionamentos e, mais ainda, que aceite as suas vontades mesmo quando elas divergem das deles próprios. É necessário um sentimento que vai além das minhas explicações mortais e atinge um campo específico, onde se guardam tudo aquilo que é essencialmente único. Você pode não encontrar alguém assim, ou pode já ter encontrado! Sortudos aqueles que conseguem tal proeza nesse emaranhado de coisas, aqueles que podem afirmar que o infinito é o limite pro seu sentimento. A autenticidade é algo que só se comprova com o passar dos anos e a preservação daquilo que está a prova. Após passar por isso você percebe o quão verdadeiro é aquilo que você zelou e o quanto valeu a pena ter agido de tal maneira. É como se fosse uma energia que se modifica ao longo dos anos, mas que não acaba e não deixa jamais de contagiá-lo. É como um pra sempre que realmente dura e te mostra o quanto é importante acreditar no impossível. Entre dúvidas, pessoas, eternidade e temporários, saiba compor sua vida com uma mescla de tudo isso, apostando na essência de cada um para nunca esquecer nem modificar a sua.