quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Homicídio da tentativa.



Travar batalhas diárias contra monstros invisíveis não é exclusividade minha, nem sua, nem de ninguém. Afinal, a realidade desse utópico individualismo que pregamos sempre desemboca nas semelhanças, inclusive com aqueles pelos quais não temos o mínimo apreço. É chato observar seus defeitos em outros, não por tê-los, mas talvez por compartilhá-los. Somos um tanto quanto egoístas, até nas coisas menos apreciáveis. É claro que temos uma gama de coisas em comum com todo mundo e isso torna impossível restringi-las aos defeitos. Gosto de falar deles pois acho engraçado o quanto vergonhoso é criticar alguém por ter um comportamento como o seu; em outras palavras, ver o sujo falando do mal lavado. Mas, apesar do desenvolvimento, não é sobre isso que quero falar. Retomando a primeira linha, consequentemente a primeira expressão, os tais 'monstros' podem até não serem visto, mas deixam aqui e alí suas marcas. Concordo que damos uma dimensão exagerada à uma coisa ou outra, mas também pecamos ao subestimar as consequências de uma bobeirinha. Mas se há uma coisa nas quais gostamos de nos apoiar são as queixas. Talvez seja da natureza humana ser assim, tão queixoso. Antes de efetuar uma ação, pensamos tanto nos prós e nos contras que acabamos exilando a possibilidade de executá-la por receio do que pode aparecer no caminho. E, quando vencemos essa fase e finalmente concretizamos algo, não pode haver um desvio da rota original que já corremos em buscas de desculpas, porquês e culpados - posto que raramente utilizamos auto-nomeação. Não nos contentamos em apenas seguir o fluxo, ou deletar o que não funcionou e reiniciar a operação. Não falo de ser sempre assim, pois isso caminha seguramente para a negligência, falta de atitude e crítica. Se nossas reclamações fossem construtivas, eu até as incentivaria. O grande problema é que quase sempre são palavras tão vagas, que surgem no calor do momento muitas vezes mais pra desviar o foco do problema do que pra solucioná-lo. Para evitar todo esse desenrolo, muitas pessoas apostam em sequer tentar. O que fazer então? Se eu soubesse, com certeza não estaria aqui desabafando trechos desconexos de interpretação do meu conflituoso ser. Mas gosto de expor essas opiniões, ainda que meio absurdas, pra que elas possam acender uma luz - nem que seja em mim mesma. Saber dosar as coisas e agir com coerência parece ser como uma arte milenar, um mito que aparentemente só os monges isolados conseguem executar com perfeição. Eis aí um engano: enquanto seres humanos, nem eles poderiam.

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