Para quem já é mãe: o que você diria para uma futura mamãe,
a partir das suas experiências? Olha o que eu escreveria para mim mesma, há uns
18 meses atrás:
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Se fosse para resumir tudo que te espera, a frase que teria
para você seria: tudo passa. Mais adianta vai fazer mais sentido, mas comece
essa leitura ciente de que as coisas aqui descritas vão transformar quem você
é, o modo como você faz e a importância que você dá.
O positivo no exame tremeu suas mãos, né? Mas essa emoção
ainda não é nem o começo...
Primeiro: ouça o que os outros tem a dizer, mas saiba que
tudo depende de você. Não se sinta culpada por querer continuar sua vida normal
depois da gravidez: sinta-se especial. Vá à academia sim – isso só vai trazer
coisas boas para você.
Não se angustie com padrões: vai ser inevitável comparar sua
barriga com a de outras grávidas. Mas, saiba enxergar a beleza singular de cada
uma delas. A sua não é grande ou pequena... ela é do tamanho ideal para
acomodar o seu segundo coração e todo amor que você dedica a ele.
Saiba se achar bonita a cada fase: isso vai ser ótimo para você
e melhor ainda para o bebê. Os 9 meses são tão rápidos que deixarão uma saudade
que você ainda nem imagina.
Não sofra com o
parto: tenha um objetivo e consciência de que os planos podem mudar.
Informe-se, entenda seu corpo, conheça suas possibilidades e tente, até onde
for seguro, executar do seu jeito. Se algo não der certo, lembre-se que o
presente mais importante da sua vida estará em breve nos seus braços.
Tenha calma nos momentos de dor: lembre-se do porquê de você
estar ali.
Olhe para o seu bebê o máximo que puder. Ele vai nascer de
uma forma e, alguns minutos depois, já estará diferente. Ame-o a cada segundo,
mas faça o possível para que esse amor sem medida não atrapalhe na sua educação
e nem na criação da sua rotina.
Leia livros, converse, descanse. Peça ajuda! Não é hora de
orgulho: é hora de sobreviver à turbulência hormonal, privação de sono,
sensação de impotência, mais mudanças no corpo e preocupação constante. Saiba
que seu primeiro mês será muito mais cruel que muitos treinamentos do BOPE.
Mas, ele vai passar. E rápido!
O seu filho tem um pai. Esse pai não gerou a criança por 9
meses, não sofreu as dores do parto, não está aguardando o leite descer. Esse
pai muitas vezes precisará de um empurrãozinho para perceber a sua
responsabilidade. Não custa ajudar: vai ser ótimo para toda a família se você
puder colaborar.
Apesar de todas as dificuldades, o modo como você vai
encarar cada uma delas determinará a lembrança que você vai ter de cada fase. A
cólica é dolorida de assistir, mas apenas paciência e amor podem ser usados para
aliviar esse momento. O sono depende muito da sua postura em relação à rotina:
construa uma rotina e cumpra-a religiosamente. Mas, se não der, não se culpe.
Encontre a melhor forma para você, a criança e o pai. Se não for o que você
planejou, tente mais tarde, quando estiver mais preparada.
Você vai ser julgada, inquestionavelmente. Se levar para o
berçário, se deixar com alguém, se sair do emprego. Assim, faça o que for
melhor para você e tente ouvir os comentários como boas intenções – ainda que não
o sejam.
O tempo vai voar. Vai fazer sentido você dormir pouco: se
sem dormir direito o tempo passa rápido assim, imagina se pudéssemos dormir
muito?
Tenha paciência. Sorria para o seu filho o tempo todo: no
começo, ele te copiará. Depois, ele verá em você um motivo para sorrir.
Seja forte nas doenças, nas vacinas, nos pequenos acidentes:
tudo isso faz parte da construção do ser humano que você trouxe ao mundo.
Tenha coragem de chorar, de não aguentar mais, de pedir
socorro. Admita que algumas vezes você vai revisitar seu passado antes de ser
mãe e pensar: como era mais fácil... e era mesmo! Só não era tão repleto de
amor, você só não era a pessoa ainda melhor que se tornou, a vida só não tinha
tanto sentido.
O que eu tenho para te dizer e te desejar é que todas essas
descobertas serão sua responsabilidade. Fazer dessa missão a jornada mais
fantástica do mundo cabe a você, que sempre pode escolher com quais olhos irá
enxergar cada situação. Cabe decidir se evidenciará a beleza ou a tragédia,
porque ambas existem ali.
Não é porque estou dizendo que a maternidade foi a melhor coisa
que me aconteceu que eu não sofra com a falta de tempo para fazer tudo que
preciso, o cansaço constante e a saudade de dormir até meio dia. Dizer que me
descobri na maternidade apenas demonstra que todas essas coisas não significam
nada perto do amor que tenho por aquela a quem dei a vida.
Então, Anna, aproveite cada segundo... porque tudo passa! Os
momentos difíceis vão passar e também a felicidade dos primeiros passos. As
cólicas vão passar e também a indescritível sensação de ouvir a primeira
gargalhada. Os dentes vão parar de nascer, mas as primeiras palavrinhas
rapidamente se tornarão triviais. Cada segundo deve ser vivido com a maior
intensidade possível, pois esses momentos são únicos. Apesar da maternidade ser
pra sempre, essa eternidade é construída de pequenos momentos mágicos
passageiros, que eternizamos em nosso coração e revivemos todos os dias de
nossas vidas.
Você será uma excelente mãe!
Beijos,
Anna