segunda-feira, 8 de maio de 2017

9 meses



Hoje comemoramos 9 meses de vida do ser humano mais encantador que conheci até hoje. Aqueles olhinhos inchados e corpinho frágil aos quais dei a luz há tão pouco tempo já fitam tudo ao redor e se aventuram por toda a casa numa tentativa adorável de equilibrar-se. Pra comemorar essa data tão especial, resolvi (finalmente!) escrever sobre a minha experiência como mãe. No último texto falei sobre a belíssima experiência da gestação, que foi incrível do começo ao fim. Sobre ter o bebê nos braços, não há felicidade maior, mas, apesar de todo esse encanto, não posso negar que passei a conviver de perto com olheiras, desesperos eventuais, sono e sensação constante de não estar fazendo algo certo. Vamos saber como tem sido essa aventura?

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Os primeiros dias no hospital são repletos de um sentimento diferente. Tudo é novo e eu ainda desconfio de algumas das minhas habilidades – como trocar fraldas de um serzinho tão diminuto? Minha filha nasceu saudável, porém bem roxinha e inchada e, para o meu desespero, não chorou. O médico a trouxe pra perto de mim e, naquele momento, a ausência dos esperados berros de um recém-nascido me colocou naquele estado de paranoia, onde a primeira frase diante daquele lindo bebê foi: tá tudo bem?
Para meu alívio, sim... estava tudo bem! Depois de alguns estímulos e vários pedidos encarecidos a absolutamente todos os deuses e santos e anjos e entidades conhecidas, ela deu uma leve choradinha, suficiente para acalmar o coração agitado do primeiro minuto de mãe de primeira viagem. Ela nasceu 6h30 da manhã e eu, que estava há algum tempo em trabalho de parto, esperei apenas a confirmação de que tudo estava certo para desabar num enorme cochilo. Sábia decisão – e olha que eu ainda nem sabia que depois daquele dia eu nunca mais dormiria tranquilamente de novo.
Fomos para o quarto, recebemos algumas visitas. Todos muito contentes com a chegada da Lara e eu e o pai dela sem nenhuma restrição para aqueles que a queriam nos braços – afinal, nós sabemos o quanto esse momento foi aguardado. Não tive absolutamente nenhum problema com a amamentação: a Lara pegou de primeira, como se já soubesse tudo que precisava fazer – ainda bem, porque eu não tinha ideia. O único probleminha era que ela sabia o que fazer, porém não tinha muito critério sobre QUANDO fazer e, assim, mamava de 30 em 30 minutos.
Confesso que nesse primeiro momento me senti o ser humano mais poderoso do mundo, afinal, só a minha presença conseguia acalmar o choro dela. Porém, o tempo foi passando e eu percebi que era inviável ter minha filha mamando 24h por dia. A solução? Não sei. Passei o primeiro mês praticamente todo com a bebê no seio – e aí faz sentido ela ter ganhado quase 2kg no primeiro mês de vida.
De todas as novidades, as noites foram as mais assustadoras. Não sei se há comprovação científica de que o horário de nascimento influencia no padrão de sono do bebê, mas o que eu sei com muita propriedade é que minha filha tinha uma clara distinção entre o que era dia e o que era noite: e trocava perfeitamente um pelo outro. Depois do nascimento dela, eu me coloquei a obrigação de fazer tudo: trocar fralda, dar banho, por pra dormir, ficar no colo o dia todo e tudo mais que pudesse aparecer. O resultado dessa loucura foi a exaustão física e emocional: eu pirei. Minha mãe tentava me ajudar de todas as formas, mas eu continuava naquela ansiedade em fazer tudo, mesmo sem confiar muito no que eu estava fazendo. O pai da Lara viajou quando ela tinha menos de 10 dias e aquilo foi o fim do mundo pra mim. Por fora, estava segura e tranquila, mas por dentro estava despedaçada. Apesar de estar cercada de bons corações, dispostos a me ajudar todo tempo, o fato de não ter o pai para dividir as responsabilidades e as decisões me fez ficar totalmente sem chão. O pouco tempo que me restava para fazer algo que não fosse amamentar, trocar fralda e dar banho eu gastei pesquisando nos sites de maternidade sobre a tal depressão pós-parto. Felizmente, não era o caso. Com 14 dias eu apertei o parafuso e voltei a ver as coisas em seu tamanho original, sem achar que era a pior das mães pelo simples fato de sujar a roupinha a cada troca de fralda de cocô.
Minha filha teve cólicas, não dormia bem e mais uma serie de dramas da vida real de mãe. Eu fiquei sem tempo pra um milhão de coisas que gostava de fazer. Mas, sinceramente e sem nenhum exagero, a maternidade é a melhor experiência que eu já tive nessa existência. É, de fato, o tal amor sem medida, sem limite e sem fim. É sentir aquele cheirinho natural de bebê, ver aquela bochechinha amassada no travesseiro, conferir a respiração de tempos em tempos, se perguntar a todo tempo se tem leite o suficiente, se a temperatura da água para o banho está certa, se o desenvolvimento está acontecendo no tempo certo... é um infinito de felicidade, responsabilidade e o mais puro amor.
Não fui uma mãe muito parecida com a maioria das minhas amigas que tem filho, e não posso dizer que alguma é melhor que a outra. Eu fui extremista na ideia de não querer ajuda e hoje, depois de passada a fase mais difícil, vejo que talvez não precisasse querer dar conta do mundo sozinha. Não sofri para colocar minha filha no berçário (ela foi com 6 meses), não me culpo por não ter tempo pra tudo que gostaria (apesar de desejar sempre ter uns minutinhos a mais com ela por dia). Aprendo muito a cada dia e admiro cada vez mais as pessoas que assumem essa missão.
O tempo voa... o tal “trem-bala” passa mesmo num piscar de olhos. Hoje, minha filha completa 9 meses. Ela está aprendendo a andar segurando em tudo que consegue alcançar e eu estou fazendo o que pretendo fazer a vida toda: dando apoio, mas sem impedir suas falhas, porque sei que são elas que construirão boa parte do que ela será. Hoje, ela tropeça aqui e ali e eu sempre a deixo cair nessas ocasiões; na hora de levantar, dou minhas duas mãos e ela, confiante, novamente se apoia e tenta mais uma vez. É indescritível o sentimento de acompanhar esse crescimento. É inexplicável assistir às descobertas, desde o dia em que balançou um chocalho pela primeira vez até ontem, quando ficou em pé sozinha por 10 segundos sem se apoiar em nada e ainda batendo palmas.
Ser mãe é uma missão. Uma nobre jornada que recruta todas as células do meu corpo para que elas trabalhem em prol de ser alguém melhor, alguém que é e sempre será exemplo, alguém que precisa de forças para cuidar de uma família, alguém que escolheu amar acima de todas as outras coisas. Ser mãe é uma verdadeira entrega, uma doação sincera, é permitir que outra vida seja mais importante que a sua. É abrir mão do egoísmo, é alegrar-se com o pouco, é viver um sonho, sabendo que, apesar dos momentos de tensão que inevitavelmente nos acompanharão por toda a vida, o simples sorriso dos nossos filhos sempre compensará todo e qualquer esforço.
A minha experiência como mãe tem me mostrado o quanto eu sou capaz. Demorei algum tempo pra me reencontrar em meio a tantas novidades, mas hoje acredito estar no caminho certo para conciliar os mundos em que vivo. A mulher, a esposa, a amiga, o ser humano, a mãe. A vida nunca foi tão maravilhosa como ela se tornou depois que tive minha filha nos braços. É uma alegria tão grande que vez ou outra me pego olhando pro espelho e reparando que, desde que me tornei mãe, as olheiras e o sorriso nunca mais me abandonaram.

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Filha, espero que um dia você leia esse texto e entenda que, pra mim, você é a junção de todas as coisas boas do mundo. Entenda o quanto eu melhorei depois que tive você pra cuidar, viver, amar e compartilhar. Eu, você e seu pai somos a família mais linda que conheço, porque entre nós vive o amor mais bonito, o qual eu tive a felicidade de ver nascer e cultivar todos os dias. Obrigada por existir! Te amo MUITO!

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