Ansiedade, adrenalina, medo de errar, vontade de acertar. O
início de um relacionamento envolve sensações muito semelhantes às existentes
nas nossas primeiras experiências ao volante... e será que essas coincidências
se mantém?
Oficialmente, aguardamos os 18 anos pra dar início às
aventuras como motoristas. Alguns “avançam o sinal” e o fazem um pouco antes;
independente do que diga o calendário, a sensação de frio na barriga ao ouvir o
ronco do motor sob nossa direção é a mesma. O início do relacionamento também não
tem data certa: as vezes aguardamos estar mais preparados, outras nos
arriscamos do jeito que dá. Enquanto sem experiências, temos receio em cada km
percorrido. E o medo eterno de deixar o carro apagar e não saber o que fazer
naquela rampa? Quando acabamos de ingressar numa jornada ao lado de alguém,
também está presente algo muito parecido: a fase da conquista nos deixa dúvidas
cruéis. Será que se eu ligar demais ele vai enjoar? Mas, se eu ligar de menos e
ela esquecer?
Pessoas mais experientes dão risada da nossa insegurança e
dizem que depois de alguns anos tudo flui naturalmente – a direção e a vida a
dois. Ocorre que, de fato, com alguma prática já nos tornamos mais confiantes.
Já esquecemos o cinto, ou as alianças em casa. Já fazemos manobras perigosas,
ou nos arriscamos quebrando uma ou outra promessa. Furamos o sinal vermelho
porque sabemos que ali não tem radar – mas esquecemos que fazer algo que
contrarie o combinado entre os parceiros, ainda que ele não esteja vendo, pode
trazer consequências fatais. O tempo vai passando e a confiança na nossa
habilidade vai nos trazendo, de um lado, tranquilidade, mas, por outro, nos
expõe a riscos cada vez maiores. Por vezes nos tornamos imprudentes, seguros
demais sobre como manobrar o carro e o nosso relacionamento. Porém, algumas
vezes, acabamos batendo. Algumas batidas geram apenas arranhões, pequenos
amassados...coisas aparentemente imperceptíveis, mas que já impactam no valor
que aquilo tem. Outras batidas, por sua vez, parecem bobas, simples de
resolver; só que, por mais que pensemos que não, elas podem dar perda total.
Tornar-se um bom motorista, assim como um bom companheiro, requer de nós
vigilância constante. É preciso não se deixar levar pelo conforto, não se
acomodar. Não que seja necessário viver em paranoia, temendo acidentes a todo o
tempo. Mas também é importante que não relaxemos demais, a ponto de não estar
atento para evitar catástrofes. Encontrando o equilíbrio entre a confiança e o
cuidado (que é diferente para cada um) há grandes chances de que a jornada de
um motorista seja longa – e a companhia no relacionamento seja agradável o
suficiente para fazer uma vida parecer um piscar de olhos.
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