segunda-feira, 17 de julho de 2017

De mãe para mãe




Que a maternidade é cheia de emoções todo mundo (até quem não é mãe) já sabe, né? A partir do positivo no teste de gravidez, temos que aprender a lidar com todas as mudanças físicas e psicológicas, além de descobrir o que fazer com a enxurrada de “dicas” que todos resolvem nos dar. Com o passar do tempo, percebemos que não há receita: há direções, as quais optamos por seguir ou não, sempre adaptando à realidade da família.
Para quem já é mãe: o que você diria para uma futura mamãe, a partir das suas experiências? Olha o que eu escreveria para mim mesma, há uns 18 meses atrás:

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Se fosse para resumir tudo que te espera, a frase que teria para você seria: tudo passa. Mais adianta vai fazer mais sentido, mas comece essa leitura ciente de que as coisas aqui descritas vão transformar quem você é, o modo como você faz e a importância que você dá.
O positivo no exame tremeu suas mãos, né? Mas essa emoção ainda não é nem o começo...
Primeiro: ouça o que os outros tem a dizer, mas saiba que tudo depende de você. Não se sinta culpada por querer continuar sua vida normal depois da gravidez: sinta-se especial. Vá à academia sim – isso só vai trazer coisas boas para você.
Não se angustie com padrões: vai ser inevitável comparar sua barriga com a de outras grávidas. Mas, saiba enxergar a beleza singular de cada uma delas. A sua não é grande ou pequena... ela é do tamanho ideal para acomodar o seu segundo coração e todo amor que você dedica a ele.
Saiba se achar bonita a cada fase: isso vai ser ótimo para você e melhor ainda para o bebê. Os 9 meses são tão rápidos que deixarão uma saudade que você ainda nem imagina.
 Não sofra com o parto: tenha um objetivo e consciência de que os planos podem mudar. Informe-se, entenda seu corpo, conheça suas possibilidades e tente, até onde for seguro, executar do seu jeito. Se algo não der certo, lembre-se que o presente mais importante da sua vida estará em breve nos seus braços.
Tenha calma nos momentos de dor: lembre-se do porquê de você estar ali.
Olhe para o seu bebê o máximo que puder. Ele vai nascer de uma forma e, alguns minutos depois, já estará diferente. Ame-o a cada segundo, mas faça o possível para que esse amor sem medida não atrapalhe na sua educação e nem na criação da sua rotina.
Leia livros, converse, descanse. Peça ajuda! Não é hora de orgulho: é hora de sobreviver à turbulência hormonal, privação de sono, sensação de impotência, mais mudanças no corpo e preocupação constante. Saiba que seu primeiro mês será muito mais cruel que muitos treinamentos do BOPE. Mas, ele vai passar. E rápido!
O seu filho tem um pai. Esse pai não gerou a criança por 9 meses, não sofreu as dores do parto, não está aguardando o leite descer. Esse pai muitas vezes precisará de um empurrãozinho para perceber a sua responsabilidade. Não custa ajudar: vai ser ótimo para toda a família se você puder colaborar.
Apesar de todas as dificuldades, o modo como você vai encarar cada uma delas determinará a lembrança que você vai ter de cada fase. A cólica é dolorida de assistir, mas apenas paciência e amor podem ser usados para aliviar esse momento. O sono depende muito da sua postura em relação à rotina: construa uma rotina e cumpra-a religiosamente. Mas, se não der, não se culpe. Encontre a melhor forma para você, a criança e o pai. Se não for o que você planejou, tente mais tarde, quando estiver mais preparada.
Você vai ser julgada, inquestionavelmente. Se levar para o berçário, se deixar com alguém, se sair do emprego. Assim, faça o que for melhor para você e tente ouvir os comentários como boas intenções – ainda que não o sejam.
O tempo vai voar. Vai fazer sentido você dormir pouco: se sem dormir direito o tempo passa rápido assim, imagina se pudéssemos dormir muito?
Tenha paciência. Sorria para o seu filho o tempo todo: no começo, ele te copiará. Depois, ele verá em você um motivo para sorrir.
Seja forte nas doenças, nas vacinas, nos pequenos acidentes: tudo isso faz parte da construção do ser humano que você trouxe ao mundo.
Tenha coragem de chorar, de não aguentar mais, de pedir socorro. Admita que algumas vezes você vai revisitar seu passado antes de ser mãe e pensar: como era mais fácil... e era mesmo! Só não era tão repleto de amor, você só não era a pessoa ainda melhor que se tornou, a vida só não tinha tanto sentido.
O que eu tenho para te dizer e te desejar é que todas essas descobertas serão sua responsabilidade. Fazer dessa missão a jornada mais fantástica do mundo cabe a você, que sempre pode escolher com quais olhos irá enxergar cada situação. Cabe decidir se evidenciará a beleza ou a tragédia, porque ambas existem ali.
Não é porque estou dizendo que a maternidade foi a melhor coisa que me aconteceu que eu não sofra com a falta de tempo para fazer tudo que preciso, o cansaço constante e a saudade de dormir até meio dia. Dizer que me descobri na maternidade apenas demonstra que todas essas coisas não significam nada perto do amor que tenho por aquela a quem dei a vida.
Então, Anna, aproveite cada segundo... porque tudo passa! Os momentos difíceis vão passar e também a felicidade dos primeiros passos. As cólicas vão passar e também a indescritível sensação de ouvir a primeira gargalhada. Os dentes vão parar de nascer, mas as primeiras palavrinhas rapidamente se tornarão triviais. Cada segundo deve ser vivido com a maior intensidade possível, pois esses momentos são únicos. Apesar da maternidade ser pra sempre, essa eternidade é construída de pequenos momentos mágicos passageiros, que eternizamos em nosso coração e revivemos todos os dias de nossas vidas.
Você será uma excelente mãe!
Beijos,

Anna

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