como negar ?
Tem coisas que insistimos em ocultar, mas que transparecem sem o menor esforço. Todos os dias que eu abro meu blog torço secretamente pra ser inundada por uma maré de criatividade, forte o suficiente pra me conduzir a um Best Seller. Como vocês já devem ter notado minhas preces não são suficientes e, no final, eu não consigo conter a vontade de falar de coisas corriqueiras, mas excepcionais ao meu ponto de vista. Funciona assim quase sempre que tentamos mudar algo em nós: a nossa essência é imutável – ou pelo menos faz de tudo pra ser. Podemos acordar ao avesso, ir ao cabeleireiro e mandar ver um totalizante azul turquesa, fazer uma tatuagem inédita de dragão ou tentar quebrar o recorde mundial do número de piercings. Ou simplesmente passar de gótica a hippie, de prostituta a freira, de mendigo a burguês. O estereótipo tem lá sua importância – ou então ele não existiria – mas ela não tem tanta magnitude quando comparada ao que guardamos num interior praticamente inexistente aos demais. Mesmo quando fazemos algo contrariados, temos ciência do que realmente nos traria paz, nos faria feliz e realmente satisfeitos. Sabemos que aquilo não corresponde aos nossos reais anseios, mas ainda assim o fazemos com o intuito de agradar ou se encaixar em algum padrão bobo. Somos assim, meio lesados por deixar de seguir nossos instintos para priorizar os alheios. Só que não há escapatória quando o limiar de estoque de contrariedades é atingido. Eu sei – e vocês também – que essa história é invenção minha, pelo menos os termos bizarros. Mas sei também que é totalmente compreensível o que eu quero dizer: não dá pra viver sempre na contra mão do destino que pretendemos chegar. A libertação é um processo natural, afinal nos metemos nessa enrascada de fidelidade a maioria por um mecanismo meio incompreendido de amadurecimento. Faz parte quebrar a cara e ver que aquilo tudo foi perda de tempo e que é muito mais divertido ser quem você quer ser ao invés de se transformar numa cópia – muitas vezes mal feita – de um grupo de cabeças de vento. Se hoje você acha o máximo assistir os filmes da galera, comer a comida que a galera gosta e fazer as coisas que a galera faz, mas no fundo sabe o seu jeito de fazer todas essas coisas parece bem mais agradável, espere. A hora vai chegar e você vai ver como a originalidade será valorizada, até mesmo como item da tão sonhada popularidade. As pessoas, quando evoluem dessa fase de “somos todos iguais” começam a buscar indivíduos diferentes, que não se importem tanto com essa necessidade doentia de se camuflar sendo igual. Pelo contrário: eles querem mais é se destacar, ainda que isso venha naturalmente pela sua vontade peculiar de usar jeans surrados e cabelos esvoaçados. Realmente não há fórmulas pra ajudar quem se encontra nesse estágio, o que não seria uma má idéia e pouparia muitas almas da decepção. Mas do que é feita a vida, se não de desencontros? O que posso fazer é orientá-los a seguir o instinto e não negar aquilo que você realmente é – ou daqui a pouco nem você saberá mais.
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