
Nas proximidades da "festa eleitoral", que de festa só tem as bizarrices que se candidataram esse ano, considero imprescindível falar um pouco de política. Não sou nem de longe uma entendedora do assunto, mas acredito ser impossível estar totalmente alheia ao mesmo. Nós vivemos em uma sociedade e essa afirmação por si só é suficiente para justificar a necessidade da nossa interação com o desenrolar do cenário político. Elencamos representantes inseridos numa democracia para falar pela maioria e não para ignorá-la ou indiscriminadamente manipulá-la. O grau de instrução nem sempre é pré-requisito para atestar a inteligência de fulano, entretanto é um meio de nortear nossas impressões a cerca da capacidade do cidadão de tomar atitudes, no mínimo, coerentes. Os candidatos dessas eleições chegam a preencher esse requisito com termos do tipo "lê e escreve". Não que um curso superior queira dizer muita coisa ou seja determinante, limitante ou condicionante de aptidão pra liderança. Mas um ser humano que em pleno século XXI se aceita na condição de analfabeto funcional e ainda se julga capaz de mediar interlocuções povo/poder executivo não deve ter a menor noção da dimensão do problema. Nós, população, somos maioria inquestionável. Mas o problema maior é a nossa falta de questionamento. Mentes pensantes produzem, muito mais do que ideias, dúvidas. Criticamos bravamente os minutos da propaganda eleitoral gratuita e, quando nos damos ao trabalho de assisti-la, a maioria usa a experiência na confecção de piadas infames para se destacar na multidão de espectadores das tragédias no poder público. Acontece que rir das barbaridades que estão sendo liberadas nesse espaço é condizer com as mesmas, sem sequer ameaçar uma atitude em defesa própria. A censura proibiu por um tempo as sátiras dos programas humorísticos, mas represália nenhuma foi postulada contra os absurdos que se propagam tanto no conteúdo dos discursos políticos quanto nos personagens que concorrem aos mais importantes e variados cargos. Enquanto dermos risada da propaganda do Tiririca, afirmando não saber sequer o que faz quem ocupa o cargo ao qual está candidatado, à frente das nossas mais cruciais decisões estarão personalidades despreparadas, desprovidas do menor senso de autoridade diante das dificuldades - que não são poucas. É chato, é cansativo e aparentemente inútil, mas precisamos mudar nossas posturas e analisar a fundo as propostas, ver até onde são cabíveis e observar qual a parcela do discurso que existe com o único intuito de comover e convencer o eleitor de falsas verdades. Se a reação não partir de nós, não haverá um interventor interessado em lutar por nossos direitos. Há essa necessidade urgente de romper com o conformismo e comodismo que assolam nossos hábitos e começarmos uma reforma por conta própria. É claro que atitudes como o "ficha limpa" auxiliam numa filtragem, mas isso é apenas uma medida grosseira que exclui aqueles que já foram pegos em suas infrações. Perigosos mesmo são os que estão em liberdade, mas que já empurraram pra debaixo do tapete inúmeras malfeitorias e hoje estão aí, usando cinquenta minutos de jingles baratos pra manipular os detentores do poder e o seu objeto mais valioso: você, e o seu voto.
Vote consciente!
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