Até onde garantimos fidelidade a nossas crenças? Ou melhor: até onde devemos garanti-la?
Por muitas vezes nos posicionamos de uma determinada maneira diante de uma situação, defendendo nossos ideais com base na nossa vivência até alí. Entretanto, não são raras as vezes em que novos acontecimentos deslocam a nossa relativa certeza pra um outro eixo, que pode ser até antagônico ao inicial. Essa mudança é natural, mas quando acontece de forma exacerbada concluímos - ou determinamos - uma falta de personalidade por parte da pessoa inconstante. É fato que defender uma causa nos leva a oscilar em alguns trechos do percurso, mas é importante sempre ter argumentos sucifientes pra firmar nossos propósitos. Isso nem de longe é sinônimo de adotar uma conduta inflexível, impossibilitando até a análise de possíveis propostas de mudança. O ser humano é por natureza sucetível e carente de alterações no seu meio e comportamento - a isso comumente chamamos de evolução. Evoluir, pra mim, é o mesmo que se permitir enxergar a realidade multifocal que nos rodeia, para só depois escolher qual será digna de sua seletiva devoção. Sei que é vergonhoso admitir uma alteração de corrente de pensamento, afinal dói contrariar tudo aquilo pelo qual você tanto lutou. Porém, mais vale a vergonha por estar transitando entre as possibilidades, do que aquela oriunda em assinar um atestado de alienação e se prender incontestavelmente a filosofias que não mais correspondem a sua própria. Devemos ter medo de nos tornar robôs, programados pra tanta coisa que mal sobra tempo para executar a ação mais necessária: pensar. Por isso, não tenha medo de voltar atrás se esse regresso culminará no progresso - ou pelo menos ajudará a encontrá-lo. O tal do "errar é humano" não é só mais um clichê pra ser usado sempre que não acertar - é uma interpretação sóbria da realidade imperfeita, mas recheada de possibilidades de ser cada vez melhor.
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