quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

coming soon

Inexorável e incontestável tempo. O que fazer com sua passagem, que por hora é lenta ou rápida demais, descontentando aqueles crédulos no poder de controlá-lo?

Acordamos todos os dias, por motivos distintos, de acordo ou contra nossa vontade. Repetimos boa parte do repertório e criamos o que tanto se evita, mas sempre se instaura – a rotina. Amamos pessoas e esperamos que elas nos amem com uma intensidade maior ainda, ignorando o que o amor tem de mais bonito – ser real. Um sentimento real não se manipula, não se mede e não se compara. Ele decide quando e entre quem acontecer, e as conseqüências nós decidimos como e quando suportar. Experimentamos sabores e experiências, ambos ora suaves, ora pitorescos. Presenciamos inúmeras chegadas, e toda sutileza de quem desbrava cuidadosamente os limites de outro alguém. Também vivenciamos partidas, e todo o desespero de quem deixa partir na tentativa de resgatar o outro de novo para dentro de suas fronteiras sentimentais. As lágrimas, os risos, os suspiros, os bocejos... A vida. Tão sutil e tão intensa, dá até um nó na cabeça de quem tenta sobre ela declamar. Continuamos nossa trajetória, passo a passo, mesmo que às vezes tenhamos vontade de retroceder ou estagnar. Arrastados ou num trote modesto, velozes ou quase imperceptíveis. Vivemos a espera de um amanhã que cedo ou tarde não irá chegar; como insistem em lembrar, um dia o negro dos olhos fechados não mais dará lugar aos raios de luz. Nada tão preocupante quanto à possibilidade de deixar passar momentos cruciais, pessoas incríveis e sentimentos inexplicáveis. Por muitas vezes nos escondemos atrás do medo, afinal é ele que salva a pele dos destemidos, mas é também ele o culpado por barrar os receosos. Temos receio de fazer a opção errada e, portanto, optamos por não optar, sem pensar no quão maior será a perda se nem ao menos houver uma tentativa. Respiramos involuntariamente, graças a Deus, pois na turbulenta vida do século XXI há tanto a se lembrar que não seriam raros os casos de paradas respiratórias caso respirar carecesse de memória. O estilo de vida agitado, recheado de afazeres e badalações, numa visão mais profunda, acaba por ser o mais vazio de todos já vistos. Não temos os mesmos laços afetivos, sinceros e reais, que tinham nossos avôs ao decidirem constituir uma família. Obviamente, cada época tem seus prós e contras, sendo nossa maior alegação de melhoria em relação há umas décadas atrás a tão sonhada liberdade. E o que realmente sabemos sobre liberdade? Associamos tal dádiva quase sempre ao exagero e a incoerência, sem lembrar que para ser livre, precisamos estar em equilíbrio e este jamais consiste em atitudes egoístas ou individuais. Ainda que com nossos constantes defeitos, ainda observamos humanos preocupados uns com os outros, com a verdade e com a vida, de tudo aquilo que a possui. Muitas vezes ao tentar ajudar, acabamos nos atrapalhando, mas o que deve ficar de tudo isso é o aprendizado sobre a consciência de cada um, pois é ela quem dita as regras – inclusive as punições – sobre aquilo que se faz. Não adianta recorrermos à idéia de que a repressão alheia é o maior motivo de sofrimento, pois sabemos muito bem que nós mesmos somos os sabotadores quando algo dá errado. Quando o sono chega, mais um dia repleto de angústias e alívios se passou e só resta um travesseiro amassado, um cobertor aconchegante e seus sonhos pra te acompanharem. Talvez seja este o momento de maior reflexão do ser humano, quando nossos sentidos descansam de toda aquela necessidade constante de estar em alerta e permitimos aos aprendizados adquiridos que se concretizem em coisas efetivas e duradouras, para que estas possam nos amparar num futuro nada distante. Mais um ano chega ao fim... Sorte a nossa que todo fim é um novo começo!

Feliz 2012 (:

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

''cognoscere''

A maioria das pessoas já deve ter ouvido falar de que o conhecimento é uma troca. Entretanto, na rotina maluca do que se institui por ensino atualmente, o conhecimento geralmente segue uma via de mão única, onde há apenas um detentor disseminando o saber e um grupo recebendo todo esse conteúdo, quase sempre de forma inerte.
Quando transmitimos algum conhecimento é imprescindível que parte disso reflita e retorne a nós mesmos em forma de novos questionamentos nunca antes abordados sobre um tema explorado tantas vezes. Nisso consiste a mágica do ensinamento como forma constante de aprendizado: nunca sabemos tão pouco a ponto de não transmitir nada, nem tanto a ponto de não caber nenhuma adição. A mente é uma entidade permeável, mas trata-se de algo seletivo que busca evitar que se esvazie ou que se sature. A renovação é a grande responsável por estarmos sempre susceptíveis a aprender coisas novas, mesmo que de um velho assunto.
Aquele que fecha as portas as novidades e se intitula sábio invicto não deve ter noção do quanto está perdendo ao recusar o encontro a um novo mundo que pode estar contido num questionamento qualquer. Os desafios são componentes da evolução: sem eles, não haveria porque melhorar. A busca incessante pelo melhor é sim utópica, mas é também uma ferramente inquestionável que nos aproxima do saber supremo. É sabido que há uma distância fixa e inextinguível da plenitude do conhecimento, mas sabe-se também que essa situação é de extrema importância para incentivar o aguçamento de nossos esforços. Romper a inércia é o primeiro passo em cada tentativa; o segundo deve ser saber retornar de uma queda mirando novamente o sucesso perdido na tentativa anterior.
Estamos rodeados de oportunidades de brilhar; o que falta é a coragem de expor o potencial que mantemos silenciados por trás dos medos e anseios. FAÇA!

terça-feira, 18 de outubro de 2011

os tantos sons da vida


Nossa trajetória é marcada por curvas tão suaves que muitas vezes nem são percebidas pelos navegantes. Sensíveis sim, mas também imprescindíveis para que cheguemos a algum lugar. Durante esse tempo em que crescemos, caímos, levantamos, gargalhamos e esbravejamos, encontramos métodos – convencionais ou não – para nos expressarmos e indicarmos por qual período da vida estamos passando. Na infância, balbuciamos alguns tropeços de palavras, regados a toda a curiosidade e vontade de alcançar aquele tão distante assento da cadeira. Crescemos alguns centímetros e já trocamos as palavras desencontradas por trechos de histórias de magia, narrados por vozes mirradas com uma ou outra confusão devido ao complexo mundo que compreende tantas palavras estranhas. Anos após, lá estamos nós falando dos deveres de casa, dos jogos de pique-pega, da tarde de bonecas com as amigas ou das competições de carrinho com os amigos. Algumas primaveras além, nosso discurso é sobre o intervalo e as paixonites que rondam por aí durante ele; sobre aquela prova tenebrosa de álgebra, ou sobre os jogos de handball do interclasse. Há aquele momento crucial, onde só o que se ouve falar é da assustadora prova que decidirá nossas vidas: o vestibular. Para os sortudos, o que se escuta posteriormente são gritos regados a toda euforia possível, parabenizando-os pela aprovação. Passada a novidade, o assunto passa a ser o trote, o semestre difícil, as provas impossíveis, as menções finais, os estágios incompatíveis, os colegas de bancada, os conflitos sobre o futuro... Findado este processo, as vozes são de ordem ou de dúvida, dependendo de sua origem na ordem hierárquica que se constrói sem que você tenha conhecimento dos fatos. Para alguns, o próximo som tem inicio com a marcha nupcial, depois dá lugar ao choro de pequenas novas vidas e, como nada é perfeito, alguns altos tons de vozes raivosas também fazem parte do cenário. Agora, já após a passagem de tantos anos, os sons ficam mais baixinhos, e temos alguma dificuldade de detectá-los... Passamos a ouvir algumas vozes familiares, ainda que não as reconheçamos de primeira, e delas saem palavras novas como ‘’vovô e vovó’’, que se direcionam a você e partem de pequenos seres, inexistentes há cinco anos. Depois disso, o som se cala. Mas o silêncio do mundo não deve corresponder ao silêncio da alma: quando enriquecida com boas vibrações, esta nunca silencia, para que nós nunca estejamos totalmente solitários. Os sons, as vozes, os ruídos... As lembranças! Simples. Comuns. Marcantes. Inesquecíveis.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

down

Muitas vezes, frente à nossa sublime capacidade de reagir fortemente às peripércias da vida, comparamos nós mesmos com raízes de uma robusta árvore ou espinhos de uma perigosa flor. Nos por menores, não passamos de pétalas sensíveis de perfumadas e encantadoras rosas. Ruímos sobre nossos caules quando agredidas, e vemos com os mesmos olhos nosso desabrochar e nosso murchar. Derramamos mais orvalho que o necessário quando não nos cuidam com amor e, principalmente, quando nos machucam. Ao contrário de rosas, também sofremos com o desapego daqueles que com tanto zelo cuidamos, esperando que com muito amor seja nossa recepção. Dói mais do que deveria sentir que não somos orgulho daqueles que são nossa inspiração. Machucam comparações com aquilo que chamamos de maus exemplos, ou quando nos encaixam em características ''pouco louváveis'', as quais não destinamos nem aos nossos inimigos. São dores silenciosas, inimigas da prospecção de um sentimento, pois acabam minimizando os bons momentos para que caibam tantas ofensas passivas. Dói ver palavras sinceras proferirem dolorosas e sutis críticas, que jogam por água abaixo todo o esforço que temos para alcançar um lugar memorável na vida de quem tanto gostamos. Mas, dentre tantas possibilidades, o que mais fere é não conseguir, em momento nenhum, ter sequer vontade de revidar as ofensas. Quanto mais ouvimos as vozes de nossos preciosos tagarelarem flechas de tristeza, mais vontade temos de dizer o quanto é grande nosso sentimento, o quanto admirado o outro é por nós, o quanto os consideramos únicos e magníficos. Árduo é o trabalho de lutar contra essa vontade incessante de engrandecer o ego de nossos amantes, suprindo-os com palavras doces e amáveis que, inegavelmente, são extremamente sinceras e traduzem parte do grande todo de amor que guardamos dentro de nós. Engraçado é como enriquecemos esses sentimentos belíssimos com a lama que nos é atirada e, mesmo empregnados de negatividade e desmotivação, reerguemos nossos corpos atirados ao chão para poder mais uma vez tratar com carinho e atenção a origem de todo o caos. Seria cômico, se não fosse trágico.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

be cool 8)

Precisamos mesmo de tanta rigidez diante do inofensivo cotidiano? Ou se nossas atitudes fossem ligeiramente mais moldáveis poderiam desvencilhar de modo saudável a maioria das nossas desavenças? Em conversas passadas, aqui mesmo nesse espaço, falei sobre resistência e resiliência, e do quanto elas tem a ver com nossas conquistas, caídas e reerguidas. Vistas de outros ângulos nossas dificuldades são, além de enfraquecedoras, desafiadoras. Porém não é baseado nesse caráter adverso das situações ruins que podemos lançar mão de qualquer artifício para superá-las. Como em tudo na vida, há limites até pra nossas batalhas. Não há como quebrar tudo e transformar em pó toda construção que vier em nosso caminho. Todos os impecilhos são oriundos de uma história alheia, carregada com seus próprios problemas e seus próprios motivos de ali estar. O limite da nossa liberdade é onde começam os direitos do outro. E na prática e tão difícil quanto na definição: como transitar intacto diante dessa malha sentimental que permeia os nossos trâmites diários? Intacto, hoje, reside num mundo utópico, onde somos todos respeitadores das diferenças e doadores de perdão. No mundo real, a menor das feridas gera uma cicatriz que dificilmente se perde no tempo, acompanhando-nos por toda a existência sem deixar que aquelas memórias se desfaçam. O aprendizado de todo esse discurso interminável é justificar suas feridas, mas não com um tom de vingança, mas sim num tom de lição, para que não repita no próximo o erro que cometeram com você. Entender o que se passa na cabeça e na vida do próximo é uma tarefa árdua, principalmente por não possuir uma finalidade muito compreensível: o que se ganha com isso? Se ganha a possibilidade de despertar na mente alheia a vontade de propagar o bem e instaurar uma convivência muito mais saudável do que a áurea competitiva que reside entre nós. Não precisamos exalar amor e carinho, a ponto de ser possível materializar coraçõezinhos brilhantes ao nosso redor. A questão é ser mais maleável e não tão rígido diante dos acontecimentos, lembrando que a composição de todos nós é a mesma. Somos todos um só molde, acrescidos de uns ou outros centímetros e quilos, mas principalmente recheados com uma essência que é particular de cada um: o nosso caráter. Essa nossa ‘’marca registrada’’ pode ser corrompida quando não preservada e, com isso, degradar pouco a pouco nossa capacidade de responder verdadeiramente as mais variadas questões. Não é recomendável o plágio ao caráter alheio, pois cada um de nós responde de uma forma específica a uma dada situação. O melhor é moldar a sua própria essência e encontrar aquela que melhor se adapte a sua vida – sem prejudicar a de quem lhe rodeia.

be cool 8)

Precisamos mesmo de tanta rigidez diante do inofensivo cotidiano? Ou se nossas atitudes fossem ligeiramente mais moldáveis poderiam desvencilhar de modo saudável a maioria das nossas desavenças? Em conversas passadas, aqui mesmo nesse espaço, falei sobre resistência e resiliência, e do quanto elas tem a ver com nossas conquistas, caídas e reerguidas. Vistas de outros ângulos nossas dificuldades são, além de enfraquecedoras, desafiadoras. Porém não é baseado nesse caráter adverso das situações ruins que podemos lançar mão de qualquer artifício para superá-las. Como em tudo na vida, há limites até pra nossas batalhas. Não há como quebrar tudo e transformar em pó toda construção que vier em nosso caminho. Todos os impecilhos são oriundos de uma história alheia, carregada com seus próprios problemas e seus próprios motivos de ali estar. O limite da nossa liberdade é onde começam os direitos do outro. E na prática e tão difícil quanto na definição: como transitar intacto diante dessa malha sentimental que permeia os nossos trâmites diários? Intacto, hoje, reside num mundo utópico, onde somos todos respeitadores das diferenças e doadores de perdão. No mundo real, a menor das feridas gera uma cicatriz que dificilmente se perde no tempo, acompanhando-nos por toda a existência sem deixar que aquelas memórias se desfaçam. O aprendizado de todo esse discurso interminável é justificar suas feridas, mas não com um tom de vingança, mas sim num tom de lição, para que não repita no próximo o erro que cometeram com você. Entender o que se passa na cabeça e na vida do próximo é uma tarefa árdua, principalmente por não possuir uma finalidade muito compreensível: o que se ganha com isso? Se ganha a possibilidade de despertar na mente alheia a vontade de propagar o bem e instaurar uma convivência muito mais saudável do que a áurea competitiva que reside entre nós. Não precisamos exalar amor e carinho, a ponto de ser possível materializar coraçõezinhos brilhantes ao nosso redor. A questão é ser mais maleável e não tão rígido diante dos acontecimentos, lembrando que a composição de todos nós é a mesma. Somos todos um só molde, acrescidos de uns ou outros centímetros e quilos, mas principalmente recheados com uma essência que é particular de cada um: o nosso caráter. Essa nossa ‘’marca registrada’’ pode ser corrompida quando não preservada e, com isso, degradar pouco a pouco nossa capacidade de responder verdadeiramente as mais variadas questões. Não é recomendável o plágio ao caráter alheio, pois cada um de nós responde de uma forma específica a uma dada situação. O melhor é moldar a sua própria essência e encontrar aquela que melhor se adapte a sua vida – sem prejudicar a de quem lhe rodeia.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

simple words


Nada de equações biquadradas, nem funções exponenciais. Difícil mesmo é permanecer sem produzir uma linha sequer diante de tantas informações se debatendo nessa massa cinzenta. Aqueles que denominam o hobby de escrever como um dom desconhecem a dimensão dos 'efeitos colaterais'. Entender de onde surgem as idéias, se há algum propósito ou se são só meros passatempos... curiosidades insaciáveis que vem de brinde às poucas palavras jogadas entre os tantos pensamentos. Como numa convencional quinta a noite, onde o frio da janela se contrasta com a fumaça do leite quente e, junto a esta mistura, estão meus pensamentos sobre a normalidade das coisas. As vezes questiono o sucesso alheio, não totalmente por inveja, mas por algo que eu prefiro, talvez por desencargo de consciencia, classificar como indignação. É injusto designar um reconhecimento aleatório, pois devem haver tantos melhores do que aqueles que conquistaram seu lugar ao sol. Nem de longe ouso desmerecer os que chegaram lá, mas e aqueles que não tiveram a chance de sequer ingressar na caminhada, e se fossem mais talentosos do que os demais? Correr atrás das oportunidades parece o discurso batido das borboletas, exceto pelo fato de que não há - pelo menos eu, desconheço - jardim a ser cultivado para que elas pousem pacificamente sobre tal. Sorte e azar podem impedir a ascenção daqueles que possuem todo potencial para alcançá-la. Impossível fazer desse trecho de bobagens noturnas um discurso impessoal, pois eu penso sim que se pudesse ser ouvida - ou lida, no caso - pelas ditas ''pessoas certas'' poderia estar em outros patamares. Mas não pensem vocês que descarto a possibilidade de só escrever textos tediosos e estar iludida quanto as minhas capacidades, como aquelas pessoas que mal sabem diferenciar uma bola de golfe de uma bola de futebol, mas sonham em ser ídolos do esporte por incentivo familiar. Sei que posso agradar apenas a mim, mas o interessante é que isso me basta. Talvez seja por essa fácil saciedade que meus horizontes se limitem a um blog com postagens abandonadas. É aí que surge a grande questão de quem devemos agradar. Pessoas importantes que, por exemplo, se destacaram pela escrita, comentam com frequencia em entrevistas que tiveram muitas partes ocultas de suas obras para uma ''adequação literária'' que fizesse sucesso. É como ter um filho e precisar de umas cirurgias plásticas aqui e alí para que ficassem nos moldes do gosto da maioria. Mas pra nós, genitores, são criações perfeitas que não carecem de uma modificação sequer. E, se esse é o preço a ser pago para ter reconhecimento, é preferível permanecer no anonimato mergulhada em obras originais, intactas, que transmitam realmente aquilo que me coube transmitir pelas palavras. Escrever às pessoas certas não deve significar apresentar os seus trabalhos a pessoas influentes, que podem fazer deles um best-seller. Na verdade, tudo está embasado em escrever para quem admira de verdade aquilo que lê - e, se der sorte, alguém que entenda o que você quis dizer. Ser admirado não é um parâmetro quantitativo, pois mais vale uma pessoa que verdadeiramente gosta do que você faz do que uma multidão gritando por um nome que mal sabem pronunciar - muito menos o significado. O primeiro e mais importante reconhecimento é o que você precisa ter consigo, sabendo o quão foi árduo o caminho até alí e até quais horizontes ele lhe permite chegar.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

matematicando


Somos um todo. E todo todo é a soma de frações de poucos que se tornam muito quando unidas em único sentido. Somos muito, mas não somos nada se o pouco nos faltar. Um todo que tudo é pela junção do beijo, do abraço e do cheiro. Pela subtração da dor, do desamor e da solidão. Pela múltiplicação das felicidades, das conquistas e do aprendizado. Pela divisão das tarefas, das alegrias e, porque não, das tristezas. Somos um todo complexo, elevado ao quadrado quando inflam nosso ego, ou dentro da raiz quadrada, quando críticas construtivas mal construídas baixam nossa auto estima. Somos um todo fracionado, com seus pedacinhos fragmentados colados pela insistência em sermos algo completo. Somos um todo que só se completa com pedaços de um outro todo. Compartilhamos nosso mínimo múltiplo comum, e só somos o que somos se junto do outro estivermos. Somos potência de potência, intensificados pela quantidade de pessoas que nos apoiarem na caminhada. Somos da fração ora numerador, ora denominador, pois somos nós próprios os responsáveis pela nossa ascenção ou declínio. Somos vetores, ora no mesmo sentido, ora coincidentes, pois somos nós quem soma ou subtrai nossos próprios sentimentos. Somos função de segundo grau, ficando raízes e formando parábolas, ora crescentes ora descrentes, a variar conforme nosso humor. Quando determinados, somos função afim, constantes na subida - ou na descida. Nos bons momentos, somos funções modulares e de forma alguma admitimos momentos negativos na nossa jornada - exceto pelos fatores que aparecem ora pra nos puxar abaixo, ora para nos impulsionar. Assumimos o domínio de nossas vidas, mas sempre acabamos sendo a imagem de alguns daqueles que tanto criticamos. Naqueles dias inconclusivos, somos circulos trigonométricos, com momentos máximos e mínimos, mas inegavelmente em torno dos trezentos e sessenta graus. Quando ninguém mais pode entender, somos complexos e passamos a enxergar amigos imaginários - sem nunca deixar de ter nossa parte real. Entre desesperos e calmaria, sabemos que mesmo elevados a zero pensamentos, ainda somos um. Somos catetos, nos multiplicando loucamente para sermos, quem sabe um dia, a tal invejada hipotenusa. Esse dia nunca chega, mas continuamos a nos associar aos outros catetos para que, somados, tenhamos mais valor. Somos tanto em tão pouco, um tudo que por vezes é nada. Mas o que não dá pra ser é um conjunto vazio num mundo tão extenso de possibilidades para o conjunto solução de cada história.

domingo, 17 de julho de 2011

na dose certa

Em essência, indistinguíveis. Assim somos nós, filhos do carbono e dos tantos outros elementos químicos ofuscados pelo brilho deste primeiro. Nos diferenciamos de acordo com quem nos molda e, principalmente, de como nos molda. Ramificamos nossa espécia em detentores do conhecimento - frequentemente denominados como racionais -, sucetíveis às emoções - justa ou injustamente, os emotivos - e aqueles denominados insosos, que não exibem nenhuma característica relevante que os enquadre em alguma das classificações. Divisões como tal são, no mínimo, falsas. Não há ser humano linear em pensamento, atitude ou conduta, somos intrinsecamente uma mistura indefinida de cada qual dos tipos citados, diferindo pelo predomínio de uma das faces. Os detentores do conhecimento podem utilizar seus dons para o auxílio ou para o domínio, não excluindo a possibilidade de um balanço entre as duas utilizações. Quase sempre o determinante é a oportunidade e a necessidade. O domínio pode trazer servos que exerçam a função tão qual você determinar; o auxílio pode dar-lhes munição para que façam de você o escravo. Entretanto a ajuda pode fazer surgir um sentimento de gratidão, que se torna uma dívida eterna e constroe laços lingíquos e sinceros. O domínio pode render frutos saborosos, porém escassos, sendo o seu maior problema a forma indireta como ocorre. No cotidiano reverenciamos mestres quem têm algo a nos oferecer, sem saber que por trás de todas as fórmulas e suas aplicações, existem seres humanos com fragilidades e essência semelhante a nossa, que só se difere de nosso fenótipo por suas escolhas e oportunidades. Aos emotivos restam sempre qualificações piedosas, como se a fúria não fosse também um sentimento. Emocionar-se não se resume ao pranto após comédias românticas, mas também ao rancor após uma derrota há 35 anos atrás. Estes são frequentamente manipulados pelos sábios, que os instigam a suprir sentimentos fortes, capaz de motivá-los, por exemplo, a lutar em pról de uma guerra qualquer. O maior exemplo dessa manipulação está na luta dos variados movimentos, como o nazismo. Uma mente brilhante, inquestionavelmente brilhante, movel multidões de emotivos subsidiando-os com palavras de incentivo, que atuavam como um estopim para que aderissem à causa, mesmo quando ela, na verdade, não condiz com a opinião de cada um. Viver uma ou outra face dessas possibilidades não é saudável, como se a existência dependesse de uma dose de cada uma delas. Entretanto, não há como ignorar a existência de uma dose letal, que sufoca a sua complementar bem como o indivíduo que está fazendo uso dessa associação. A mente é o equipamento mais sofisticado do qual se tem notícia, portanto todo cuidado é pouco quando o assunto é deixá-la por conta do doseamento desses perfis. Enquanto não há frações adequadas determinadas, o jeito é levar a vida experimentando suas próprias proporções até encontrar aquela que mais se aproxime de te deixar cem por cento bem!

sábado, 18 de junho de 2011

Livres e imparáveis, cortando o vento e pairando sobre águas desconhecidas. Pássaros são independentes, admiráveis e quase sempre estão ao alcance de nossos olhos, mas distantes de nossas mãos. Alí, no lado debaixo do céu, acima de nós e abaixo da futura moradia, apresentam-se exuberantes, convertendo seus admiradores a fãs incontestáveis das belezas que pronunciam silenciosamente em suas movimentações. Voam seguros, ainda que nem sempre certos. Voam velozes, ainda que nem sempre com rumo fixo. Tentamos aprisioná-los entre vigas de aço frio, impondo obrigações na tentativa de capturar seu canto, ganhando em troca seu amargurado silêncio. São criações exclusivas, como todos os outros seres, merecedores de reconhecimento e de classificação carnal, passíveis de falhas e deslizes. Podem errar feio buscando os acertos, podem ter sentimentos turvos, condutores de atitudes desagradáveis; podem magoar, podem ferir. Ainda presos, podem ser revoltos, ou simplesmente pacíficos inexplicáveis. Podem apagar a chama da alegria de suas vidas, e viverem à meia-luz, regados de barreiras e limitações. Podem apegar-se a erros, escolherem trilhas que culminem em paisagens desagradáveis, mas ainda assim se mantem de peito erguido, orgulhosos e parrudos como são por natureza. Vivem uma vida arriscada, colecionam feridas que jamais deixam cicatrizar pelo simples prazer de reviver cada batalha. Mesmo com seu comportamento semelhante ao soberbo, constroem vínculos com seres diversos, despertando nestes a necessidade de ampará-los, obviamente sem que manifestem tal vontade. Precisam de cuidados, mas não possuem tamanha humildade de solicitá-los. A jornada pode ser longa ou breve, variando em função dos caminhos percorridos, das condutas adotadas, das cicatrizes adquiridas.. bem como é com qualquer um de nós. Os momentos de dor não são excluídos por seu porte inflexível e aparecem curvando a força toda dureza construída durante a vida. Àqueles que se aproximaram ao longo da jornada curvam-se junto, tentando aliviar a dor que torna-se tão acentuada quando em alguém tão contido. Vemos então mãos de luz tocarem aquela criação, e torcemos arduamente para que ela alivie todo e qualquer sofrimento, permitindo-o voar por estes ou outros ares. Nesse momento, as limitações do céu se fundem e tudo passa a ser um só, tomado pela claridade de boas energias e fé. Seguimos rezando para que o melhor se cumpra e preserve toda a exuberância desses pássaros e que, sadios, eles possam desbravar os horizontes, nos encantando e fazendo com que possamos acreditar nos milagres e na beleza da vida.
Hoje um pássaro ferido está nas mãos de Deus, e sua família está aqui torcendo para que o melhor seja feito, seu sofrimento seja evitado e sua felicidade plena seja garantida! Deus te abençõe, tio.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

...

As vezes me questiono se o tempo realmente passou, ou se ele parou em um sonho e nele me deixou ficar por tempo ilimitado. Mas, acordando-me desse devaneio, vem as lembranças do passar dos dias, de quantas vezes vi aquela barba por fazer e depois feita, os compromissos marcados passarem de tão distantes para ontem. Vejo ainda o futuro como um espelho d'água, onde posso enxergar em linhas translúcidas as marcas de expressão que ainda habitarão nossas feições, e vejo um e o outro, lado a lado, inseparáveis e fiéis. E, como na verdadeira e pacífica água limpa, a queda de um mínimo cascalho pode abalar a estabilidade e desmanchar, uma a uma, todas as linhas desenhadas com tanto zelo. Como tal, o futuro pode embaralhar-se diante de uma simples gota, tão sutil e tão tóxica aos sonhos construidos sobre bases tão frágeis. Estremecer tais planos faz o chão desaparecer e o ar não ser suficiente. Não há mais destinos nem direções, planos e vontades não fazem mais sentido e construi-los passa a ser algo cada vez menos almejado. De boas fantasias, ao medo de demonstrar os sentimentos construidos com tanto suor: eis uma passagem rápida e, talvez, irreversível. Quando comparam a confiança a um cristal, o equívoco não está no exagero, mas sim no fato de que os resíduos do cristal são demasiadamente grandes quando comparados aos que restam da confiança fragmentada, quando ainda resta algo. As informações, que antes garantiam paradeiros, reafirmavam sentimentos e reforçavam a confiança, hoje oscilam incontrolavelmente nas categorias de confiáveis ou não. Tal transiência é degenerativa, e mata aos poucos toda e qualquer tentativa de restaurar a sintonia. A vida não é fácil, e alguns tombos deixam sequelas irreparáveis. Mas, mesmo que com esse caráter complexo, ela continua, arbitrária e inquestionável, arrastando-nos junto aos seus dias, guardando surpresas capazes de motivar ou de desencorajar. Trivial ou trabalhosa, a vida existe e nos reserva tudo aquilo que estamos ou não preparados para aguentar. Coragem e força são fontes limitadas, mas os obstáculos aos quais seremos submetidos e delas precisaremos para superar... estes não possuem limites.

domingo, 3 de abril de 2011


Quero dar-te liberdade, mesmo que viva a acenar para que seja eu a sua escolha. Quero vê-lo feliz, ainda que tentando incessantemente ser fonte de suas alegrias. Quero sorrisos até dos seus olhos, mesmo que não seja eu o motivo de nenhum deles. Quero teu bem, acima de tudo, pois só assim posso alcançar o meu. Procuro entender todas as complicações pelo simples prazer de poder explicá-las a você e sanar suas indagações. Me esforço dia e noite pra que estejas bem, mas não é esforço algum agir em nome de ti. Juro não admirar meu egoísmo e tentar exorcizá-lo a cada pensamento mesquinho, mas confesso nem sempre obter êxito nas minhas tentativas. Rezo todas as noites pra que, seja lá quem for que estiver me ouvindo, tenha poderes suficientes para te guiar. Peço sabedoria nas suas decisões e também que ninguém venha a te magoar. Quero que sinta sempre amor, por mim ou por quem merecer. Não quero que sofra, que sinta frio, sede ou fome; que sempre que eu puder possa dar-te aquilo que lhe falta, ainda que venha a precisar depois. Rogo por paciência para que possa usá-la quando você me cobrar. Busco sanidade para não ser insana nas minhas lamentações e justiça para nunca faltá-la com você. Aprecio sua inteligência, sua espontaneidade, mas mais ainda a sua capacidade de me fazer enxergar o valor das coisas simples. Agradeço por ter por tantas vezes me dado consolo, aconchego e também por ter me transformado num ser humano melhor. Quero estar sempre ao seu lado, mas só irei fazê-lo se isso completar você. Minhas lágrimas pela eventual distância jamais superarão os meus sorrisos se essa decisão for melhor a você. Quero que os anjos te protejam e te abençõem em sua trajetória e que incubam a mim essa missão sempre que me julgarem capaz. Quero dar-te colo quando o mundo lhe virar as costas, mas desejo que ele jamais faça isso a você. Eu quero sua presença, de corpo, alma ou coração. Quero que esteja na minha companhia enquanto essa for sua sincera verdade. Quero que tenha sempre liberdade, confiança e amizade por mim. Quero seu amor enquanto você puder me dar e enquanto estiver apta a recebê-lo, pois eu sei o quanto é grande a honra de merecer algo assim.

sábado, 26 de março de 2011


Acordar, dormir, sonhar, viver, chorar, amar, brigar, beijar... nem eu que sou fã de verbos e seus significados suporto com plena calma a existência de tanto a se fazer. Não é a toa que, vira e mexe, nos deparamos com momentos de tensão, aflição e dúvidas - muitas dúvidas. Parece que a vida toda vai se alterando diante das nossas escolhas e sobra sempre aquela pontinha de curiosidade sobre o que teria acontecido se seguíssemos aquele outro caminho, abandonado na escolha desse. Porém, quando encontramos felicidade nas nossas decisões, os cinquenta por cento que poderiam culminar num caminho ainda melhor não são suficientes para despertar arrependimento, afinal há os cinquenta por cento de chance de frustração - que parecem ainda mais reluzentes sendo este caminho escolhido tão bem sucedido. As vezes temos medo das nossas atitudes e acabamos destinando a elas muita atenção, superestimando o que era pra ser só mais um procedimento natural do nosso cotidiano. Nos relacionamentos é onde adoramos complicar, dos mais variados modos. Queremos com tanta intensidade a felicidade alheia que cogitamos até abrir mão de sua companhia pra deixá-lo livre e feliz. Sem cogitar a hipótese da tristeza que isso poderia gerar, pensamos que livrar nossos amados dos nossos defeitos é mais importante do que presentea-los com nossas melhores qualidades. Não sei até onde essa teoria é equívoca, mas todos hão de convir o quanto ela apresenta alto teor de insensatez. Voltando a falar dos verbos, mais importante que a sua existência é, sem dúvida, o seu significado. E os que possuem multiplos verbos implícitos em sua essência, esses sim são fortes candidatos a produtores de complicações. Gostar, por exemplo, inclui inúmeros e até opostos outros verbos que até ontem eu poderia apostar que não podem coexistir pacificamente. E quem falou em pacificamente quando se trata de nosso interior, nosso emocional? Eu defino o meu como uma verdadeira guerra, onde há em todo o tempo sentimentos brigando entre si, me deixando confusa sobre o que fazer, algumas vezes me prejudicando e outras não tão raras me ajudando a enfrentar os conflitos externos. Viver é uma confusão onde a única saída é entrar de cabeça e estar ciente que, em vários momentos, você chegará muito perto de perdê-la.

sexta-feira, 11 de março de 2011

sobre os muitos amores



Antes que se assustem, não vim falar de promiscuidade. Até porque, na minha humilde concepção, amar é tão tão complicado que quem dizer manter saudáveis e sinceros laços afetivos com vários indivíduos no mesmo intuito não tem minha crença. Calma, o que eu tenho pra falar vai fazer sentido... assim espero.
Ao decorrer de nossas vidas amamos nossos pais, amamos nossos irmãos e, pra facilitar, acabamos dizendo que amamos toda nossa família, o que inclui até aqueles parentes de 10° grau que moram isolados da civilização, mas que já nasceram amados por você, que nem os conhece. Vamos crescendo, amamos os coleguinhas, que por esse amor evoluem para amiguinhos. Amamos a tia que dá aula, a tia do transporte escolar, e continuamos a crescer e incorporar mais membros à nossa lista do amor. Amamos, então, nossos ídolos, que jamais saberão da nossa existência, mas são dignos de escandalos e lágrimas quando os vemos pela tv passeando no calçadão. Mais ou menos nessa época começam os namoricos, e, pelo menos pra mim, é nessas situações que o eu te amo é mais difícil de sair. Parece que é exatamente nesse ponto que descobrimos que não dá pra amar qualquer joaninha que achamos nas folhagens, mas que há algo de mais complexo nesse simples verbo. Mesmo assim, forçamos um pouco a barra e distribuimos uns e outros "eu te amo" pra uns fulaninhos(as) que sequer merecem. Pensamos encontrar o amor verdadeiro várias vezes, e nem preciso falar em quantas delas estamos enganados né? Pois é. Mas como saber, então, que aquele indivíduo é o certo e merece ser amado? Inconscientemente, buscamos parâmetro com outros tipos de amores. Lembramos o quanto gostamos do colo da mãe, o quanto agrada brincar com o amiguinho, o quanto nos sentimos seguros na presença da tia... Observamos então se há sentimentos semelhantes a esses no outro e decidimos por amá-lo - verdadeiramente - ou não. Entregar-se à esse amor não significa, em hipótese alguma, descartar alguns dos outros. Somos individuos pluriamantes ( acabei de inventar, me desculpem ), capazes de guardar em um só coração, os vencedores das diversas formas de se amar alguém. E não pensem vocês que há um ranking entre eles, pois todos já representam o primeiro lugar de sua categoria e estão, dentro de nós, postos em um único patamar. Algumas vezes uns desconfiam das intenções dos outros, mas se eles reuniram caracteristicas suficientes para serem nossos amores, com um jeitinho com certeza eles, mais cedo ou mais tarde, aprenderão a se amar também. O amor é coletivo, é fiel e flexível - se não, não seria o sentimento mais perfeito e indescritível. Mãe, amor, amigos... eu verdadeiramente amo vocês :)

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Que falta faz.

" Embriagado pelos porres que a vida me deu,
Faço um maço das minhas memórias mais marcantes.
Trago minhas experiências e quem comigo tudo isso viveu
Desde os protagonistas aos insignificantes.

A brisa sobe à minha mente vazia
E, quem diria, logo eu fazendo tudo que eu nunca faria.
Arrependimento nem de longe se assemelha com o que sinto
Mas dizer que é orgulho seria afirmar o quanto minto.

Meus passos são vagarosos, talvez pra combinar com a falta de sanidade
Quanto à loucura, isso não nego: é pura verdade.
Mas e agora, quem vai me conduzir nessa escuridão?
Meu guia se foi; seu nome, coração.

O perdi numa batalha sangrenta, de final inquestionável
Éramos nós contra um milhão, parados apenas por uma emoção.
Ao me ver diante de um exército, tomei a decisão lamentável:
Troquei minha liberdade por aquela sensação.

A sensação do vazio, do vácuo e do obscuro.
Logo ele, que era um aconchego do sentimento mais puro.
Agora a caminhada prossegue, com direção e sem sentido
Seguindo viagem, mas com meu maior estímulo interrompido.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

keep living

Os dias passam e vemos os mais variados ventos, de tornados a brisas, varrerem nossas certezas e deixar-nos a mercê das vagas possibilidades. Nos sentimos vendados e vedados a agir, buscando inesgotavelmente por parâmetros, espécies concretas que possam suprir a vacância deixada pela partida de nossos ideais. Para nosso maior desespero, trata-se de eventos cíclicos, que alternam entre o alívio e o desespero até que não haja mais dias para perpetuá-los. Sofremos, inevitavelmente, mesmo diante da previsão de melhora.
Há horas em que o negro parece ser eterno e que a luz foi mais uma a nos abandonar na hora decisiva. Porém, de nada adianta uma fonte emanar sua luminescência a olhos fechados, inaptos a distinguir sua ausência de sua presença. Nos momentos mais drásticos essas fontes são ininterruptas, podendo apenas se ocultar sob a toalha lançada em sinal de desistência. Seguir adiante parece impossível, as perdas irreparáveis e os danos definitivos. Mas, não são. E algo dentro de você tem ciência da reversibilidade da situação, ainda que persistam algumas modificações como efeito colateral. No fundo, sabemos que somos de alguma forma indivíduos privilegiados, dotados do direito de errar e da capacidade de lutar pela reparação de nossos desvios. Uma pessoa resitente se mostra firme e inatingível num grande número de situações; entretanto desaba quase que irreversivelmente quando ultrapassado o seu limiar de resistência. Já um indivíduo resiliente constroe ao seu redor membranas semipermeáveis e por vezes chega a ser atingido e acumular ferimentos; porém, leves o suficiente para proporcionar sua reconstituição e conferir o preparo necessário para um melhor desempenho nas próximas agressões. Não devemos ser um muro inviolável, mas sim um portão seletivo, que recepciona as emoções, sendo capaz de distingui-las e recolher possíveis invasores. Pensar no contexto da individualidade pode conferir um caráter pavoroso a todo discurso emocional, porém é impossível executar as rotas de "fuga" emocional sem auxílio externo. as dificuldades não são propícias a busca por companheirismo, tanto por nossa vulnerabilidade quanto pela baixa motivação para fazê-la. Por isso, a vida nos presenteia com o fruto da conduta mantida nos bons momentos e reserva um banco especial de amigos para ampará-lo e ajudá-lo a alcançar suas metas para a reestruturação. A tempestade não é contida pelas mãos dos seus companheiros, mas a ação mútua das mesmas pode minimizar os efeitos da tormenta. Quem realmente te ama respeitará seus momentos de reflexão, mas não permitira que eles se extendam o suficiente para seguir rumo à solidão. Quem te respeita saberá ignorar os maus tratos relativos ao desespero, mas não deixará que eles progridam de modo a manchar a sua merecida boa reputação. Quem está com você de verdade abrirá mão de compromissos importantes para socorrê-lo nas horas mais improváveis, mas te lembrará sempre da necessidade de que a situação seja temporária pelo seu caráter conflitante com a realidade. Você sabe e saberá com quem contar, mas eles principalmente sentirão a necessidade quase como uma obrigação de mobilizar esforços para resgatar seu sorriso perdido, conter suas lágrias e reensiná-lo seus próprios lemas de prospecção da vida. Em breve você poderá enxergar a importância de acontecimentos agora encarados como horríveis e injustos. E verá que o amanhã é uma possibilidade forte o suficiente para motivar você a esperar e confirmá-lo. A vida continua.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

inspiration

As apostas sobre toda nossa composição orgânica, pra mim, não barram a tese de que somos um composto de engrenagens, mutuamente estimuladas, trabalhando incessávelmente sob nossos comandos - inteligentes ou ingênuos - a cerca do ritmo de movimento. Diferimos em personalidades, mas nos assemelhamos em essência. A motivação para o desenvolvimento de cada um tem fontes distintas, algumas surpreendentes e outras até muito óbvias. Para aqueles que já viveram dificuldades ferrenhas na vida, o simples raio de sol representa um turbilhão de motivos pra acordar, enfrentar o mundo e suas imposições, sempre de cabeça erguida e buscando progredir. Àqueles céticos e/ou os que ainda quase nada sofreram, é necessário surpresas muito consideráveis para que se sintam impulsionados a exercer até mesmo suas funções vitais. Ainda reside entre nós uma subclasses de autoexcitáveis, que se baseiam nas suas próprias vivências para buscar coisas maiores e melhores pra si. Nesse ponto, se assemelham a trechos do discurso de nossa composição orgânica, que conta com tipos celulares que geram seu estímulo visando manter vivo cada pulsante coração. Outras subclasses surgiram através dos tempos, mas sempre mantendo um elo com um dos tipos clássicos. É lamentável ver aqueles que deixam suas máquinas cessarem os trabalhos, seja por falta de manutenção, ou simplesmente por esquecer de funcioná-la e ao invés disso estagnar-se a observar o andamento de adjacentes. Análogos a nossos desejos devem ser nossas motivações, intrínsecas, intensas e intermináveis. Não há relatos de quem tenha consiguido ser bem sucedido sem um mínimo esforço que, em grandes partes do projeto, chegou nos limites entre o encorajamento e a desistência. Saber caminhar entre esses sem tombar pro lado decadente é quase como andar na corda bamba: impossível nas primeiras tentativas, mas deliciosamente desafiador na persistência.