terça-feira, 18 de outubro de 2011

os tantos sons da vida


Nossa trajetória é marcada por curvas tão suaves que muitas vezes nem são percebidas pelos navegantes. Sensíveis sim, mas também imprescindíveis para que cheguemos a algum lugar. Durante esse tempo em que crescemos, caímos, levantamos, gargalhamos e esbravejamos, encontramos métodos – convencionais ou não – para nos expressarmos e indicarmos por qual período da vida estamos passando. Na infância, balbuciamos alguns tropeços de palavras, regados a toda a curiosidade e vontade de alcançar aquele tão distante assento da cadeira. Crescemos alguns centímetros e já trocamos as palavras desencontradas por trechos de histórias de magia, narrados por vozes mirradas com uma ou outra confusão devido ao complexo mundo que compreende tantas palavras estranhas. Anos após, lá estamos nós falando dos deveres de casa, dos jogos de pique-pega, da tarde de bonecas com as amigas ou das competições de carrinho com os amigos. Algumas primaveras além, nosso discurso é sobre o intervalo e as paixonites que rondam por aí durante ele; sobre aquela prova tenebrosa de álgebra, ou sobre os jogos de handball do interclasse. Há aquele momento crucial, onde só o que se ouve falar é da assustadora prova que decidirá nossas vidas: o vestibular. Para os sortudos, o que se escuta posteriormente são gritos regados a toda euforia possível, parabenizando-os pela aprovação. Passada a novidade, o assunto passa a ser o trote, o semestre difícil, as provas impossíveis, as menções finais, os estágios incompatíveis, os colegas de bancada, os conflitos sobre o futuro... Findado este processo, as vozes são de ordem ou de dúvida, dependendo de sua origem na ordem hierárquica que se constrói sem que você tenha conhecimento dos fatos. Para alguns, o próximo som tem inicio com a marcha nupcial, depois dá lugar ao choro de pequenas novas vidas e, como nada é perfeito, alguns altos tons de vozes raivosas também fazem parte do cenário. Agora, já após a passagem de tantos anos, os sons ficam mais baixinhos, e temos alguma dificuldade de detectá-los... Passamos a ouvir algumas vozes familiares, ainda que não as reconheçamos de primeira, e delas saem palavras novas como ‘’vovô e vovó’’, que se direcionam a você e partem de pequenos seres, inexistentes há cinco anos. Depois disso, o som se cala. Mas o silêncio do mundo não deve corresponder ao silêncio da alma: quando enriquecida com boas vibrações, esta nunca silencia, para que nós nunca estejamos totalmente solitários. Os sons, as vozes, os ruídos... As lembranças! Simples. Comuns. Marcantes. Inesquecíveis.

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu tenho o maior orgulho de fazer parte do seu passado, presente e futuro. Eu e aamo filha. mamae

Anônimo disse...

Vim visitar seu blog e dizer q vc ficou linda loira!