Enxi meus ovidos por todos esses anos com afirmações sólidas e convictas de boas maneiras, difundidas como regras inquestionáveis de existência. Cresci observando a paradoxal realidade, insistentemente se contrastando com tudo que me tinham obrigado a aceitar. Hoje, não abro mão de viver na adrenalina da descoberta de minhas inocentes mentiras, que colorem a minha vida tom de sépia marginalizada por almas domesticadas de hipócritas reprimidos. Minhas não verdades quase sempre não machucam ninguém, não por piedade ou compaixão, mas por que isso de modo algum me traz prazer. Já não me lembro da última pessoa que matei, nem do último vício que abandonei. Talvez por não ter nunca tirado de fato a vida de alguém, nem ter me rendido a qualquer substância - ou não ter abandonado nenhuma delas. A vida é muito mais emocionante do que nossas narrativas cansadas demais ou falsamente embelezadas. Quando dizem que a naturalidade é muito mais bela, querem dizer que ela é muito mais atraente do que aquele modificada por tantos mecanismos de correção. Mas corrigir exatamente o que? Qual o parâmetro determinante do erro? Realmente criamos situações ideais e utópicas, que nada mais são que modelos ilustrativos de uma vida entediante e estável que odiariamos colocar em prática. Os mesmos ideários que determinam o caminho certo nos instigam a procurar pelo errado e por vezes caminhar sobre ele até onde acabar - ele, ou nós. Encerro minha fala por aqui, afinal seria um pecado questionar esse método robotizado de conduta, adotado por tantos e prevalente por tanto tempo. E vocês sabem bem o quanto simpatizo com esses tais pecados.
Um comentário:
venenoso! parabéns.
depois passa lá ogabrielmoura.tumblr.com (:
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