quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

15:54


É notória a tentativa de adicionar a racionalidade cada vez mais ao nossos afazeres. Queremos mecanizar a produção, para ter mais lucros a serem gastos com objetos cuja origem foi também mecanizada. Mecanizamos nossas relações, com o falso ideário de estar estreitando os laços, quando estamos apenas mascarando a sua dilatação. Traçamos metas, horários, rotinas e acabamos sufocando a espontaneidade com a qual a vida deveria ser tocada. Não notando ou ignorando essa configuração, continuamos massacrando nossas origens e pouco a pouco caminhamos rumo a alienação total. No ápice da necessidade de organização exacerbada, rotulamos a pessoas como se fôssemos guardá-las em prateleiras, deixando-as a mercê de quem busque um grupo específico de características. Contrariamente a essa realidade artificial, temos um contraponto de peso: as pessoas não são apenas de um jeito. Ainda que com tanta tecnologia e lógica avançadas, não podemos olhar apenas uma extremidade da personalidade de alguém, pois essa pode se desdobrar em surpreendentes faces e fazer com que o nosso julgamento seja fajuto e insensato. Podemos ocupar várias prateleiras se o quesito for nossas qualidades ou caracteristicas em geral, mas como não podemos estar em vários lugares ao mesmo tempo o melhor é abster-se de residir em qualquer lugar pré-destinado. É tanta mecanização, mas por trás dela ainda temos sentimentos livres o suficiente para suportarem as tentativas de repressão. São como faíscas incontroladas que, inofensivas se não perturbadas, podem queimar aquele que as tente aprisionar.

3 comentários:

Victor_fla disse...

15 e 54 e foi publicado as 6.

G. Sabino disse...

Escreves muito bem, difícil é encontrar meninas bonitas que saibam expor idéias em letras sem que percam sentido rsrsrs. Continue escrevendo que isso possa a vir ser uma salvaguarda no seu futuro.

Lirio de Deus disse...

Esse negocio do horario do pc nao 'bater' com o da mensagem é um perigo.. eu q o diga!