segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Eterno perde ganha.

O calor, o cansaço, o tédio e o ócio. Coisas que podem não pertencer a um mesmo campo semântico, mas que compõem um grupo preciso sintetizador de idéias. Talvez esse não seja o caso, mas o incômodo que essa segunda feira atípica, pelo menos na minha rotina estudantil, provocou é algo que merece seu relato devidamente expresso. Entretanto, entrelinhas há toda aquela velha complexidade de sempre, que não se contenta em ser simplória como os acontecimentos banais de pessoas comuns. Não, tem sempre que haver um cunho filosófico que embase o que eu estou prestes a escrever. E sim, isso acaba sendo muito chato na esmagadora maioria das vezes. Chato ou não, convém expor que por trás dos adjetivos mal pensados e críticas oriundas de mentes exaustas há problemas bem maiores do que a capacidade do nosso imaginário de cogitá-los. Solicitando o empréstimo de frases, o que se escondeu por trás do meu olhar vago durante a totalidade da inutilidade do dia se resume bem em 'o que obviamente não presta, sempre me interessou muito'. Relevando as particularidades e intenções de Clarisse Lispector, (pra quem não sabe, a autora da frase!) ao usar a expressão como síntese pessoal, deixo claro que há uma amplitude no significado do 'não presta' : não se resume a drogas, sexo e, porque não, rock'n'roll. Remete, muito mais, aquilo que não me pertence e nem tem motivos concretos para fazer parte do meu acervo pessoal. Desafios sempre atiçaram a mente humana a despertar o sentimento dotado de toda verocidade chamado desejo; alcançar aquilo que não temos é relativamente empolgante, mas alcançar aquilo que, por ventura, não podemos ter é ainda mais atraente. O problema é fazer um balanço dos benefícios e malefícios de tal cobiça e concluir que, se há um motivo para aquilo pertencer a outras mãos, é nelas que ele deve permanecer. Pensar assim não exclui tentativas nem desaparece com a empolgação do processo, mas apenas acrescenta uma pitada extremamente necessária de consciência. Vale aplicar aqui outra frase, cujo autor eu desconheço, mas agradeço muito pelo feito: não faça com o outro aquilo que não quer que façam com você. Aceite os fatos: os seus e os dos outros. Ceder e lutar são antônimos que podem, sim, coexistir.

Um comentário:

Anônimo disse...

Esse eterno perde e ganha prende sua vida ao passado, a algo que já não faz mais parte dos seus dias... talvez seja hora de colocar uma pedra definitiva sobre tudo isso, e olhar as outras possibilidades à sua volta... com olhos atentos e dispostos a enxergar o que há de melhor... acompanho tudo isso e não é de hoje que me surpreendo com a ausência de um "fim" nessa história...