A quem seguir e em quem confiar?
Sempre que precisamos de orientação recorremos ao dilema de ouvir o coração ou a razão. Traçar um caminho é meramente ilustrativo, porque sabemos que na prática há confluências diversas que mudam ora o trajeto, ora o destino. Seguir o coração, suas emoções, significa não só se abster de raciocínios lógicos, mas também cometer ações muito provavelmente incoerentes pra maioria, mas totalmente sensatas pra você e seu interior. Entretanto, essa peculiaridade não confere a esse tipo de escolha uma garantia de acertos, podendo também ser uma excelente condutora ao caos. A razão, por sua vez, muitas vezes sufoca os impulsos da emoção com pensamentos concretos e cálculos imaginários de probabilidades. Nesse caso, a chance de errar decai inversamente proporcional a chance de estagnação: pensar é quase sempre uma barreira pra nossas ações. Diante de um problema, encontrar a solução exata que não traga efeitos colaterais, é bastante improvável. Talvez seja por isso que tenhamos o mal hábito de adiar nossas decisões, quem sabe esperando uma intervenção alheia pra nos polpar do trabalho de impor nossas vontades e necessidades. Se temos uma pedra no sapato, topamos caminhar mais algumas milhas, afinal "pior do que está, não fica". Mas é aí que nos enganamos: fica sim! Feridas antigas cicatrizam depois de um tempo, mas só se bem cuidadas. Nossos problemas se acalmam, a poeira baixa... mas só se houver, no mínimo, uma tentativa de resolução. Temos que ter também consciência que nossas atitudes são exclusivamente individuais, ainda que tenham reflexos com perspectivas coletivas. Estamos sozinhos nos acertos e principalmente nos erros, sujeitos a julgamentos justos e injustos e penalidades condizentes ou não. Nessa esfera tão repletas de casos coincidentes, precisamos caminhar e atuar com a máxima cautela, pra não esbarrar nem ferir sentimentos alheios, que merecem uma atenção triplicada em relação aquela que damos a nós mesmos. A vida é composta por uma complexa malha, tecida de casos, conflitos, dores, sorrisos... experiências! A permeabilidade é seletiva, entretanto deixa passar momentos perfeitamente desprezíveis. Todavia, eles não são inseridos a esmo, mas sim com o intuito de aperfeiçoar nossa administração pessoal e nos ensinar a importância de valorizar cada situação, por menor e menos construtiva que ela possa parecer numa primeira vista. É tudo tão confuso e facilmente enlouquecedor, que só me resta partir e exercitar o verbo mais difícil de se aplicar: viver.

