sábado, 27 de fevereiro de 2010

Circundando nossos limites pessoais, há fronteiras invisíveis entre nossas intrínsecas construções e as das demais vidas lá fora. Ignorar a existências de interseções é, de longe, besteira. Agredir a propriedade alheia, além de fugir bruscamente dos padrões clássicos de ética, significa ainda ultrapassar seus próprios limites e mergulhar num ambiente novo e impessoal. Ao tomarmos uma atitude que prejudica ou prejudicará o próximo, estamos apenas expondo o nosso futuro a receber posteriores conseqüências, que podem ser a nós reconduzidas com uma dimensão maior do que a inicialmente tida. Magoar é doloroso, para ambos os lados, mas principalmente para aquele que remoerá inesgotavelmente todo o ocorrido e jamais conseguirá digerir os fatos sem uma grande azia emocional. Magoar-se, então, beira o suicídio sentimental. Posso afirmar como exemplo vivo que, nessas situações, procuramos um escape qualquer para exprimir ao mundo toda essa angústia. Más notícias: ela não sai. Encontrar o equilíbrio próprio é uma tarefa árdua e que nem sempre é possível de se cumprir. Não saber definir os próprios sentimentos te impossibilita de sequer conseguir compreender os de outrém. E, como uma bola de neve, o acúmulo desses pequenos problemas acaba gerando uma grande mal, que passa aos poucos a degenerar o que você é e transformá-lo num irreconhecível emaranhado de dificuldades e dúvidas de sua própria autoria. O próximo passo é tornar tudo um pesadelo, sem paciência sequer para ouvir os seus próprios e confusos pensamentos. Não gosto e talvez não prefiro pensar num desfecho radical para essa situação, uma vez que me identifico totalmente com a qual estou descrevendo. Tenho medo de que reassumir as rédias seja um objetivo inalcançado e que essa condição de desequilíbrio comece a ditar e me obrigar a seguir suas regras. Nessas horas, precisamos de toda a compreensão e ajuda as quais denominamos desnecessária por conta da sensação de que podemos resolver. Mas não podemos. Estar sujeito a perder o controle de si mesmo é algo realmente assustador.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Menos reticências, mais exclamação!

Fazemos parte de um mundinho pacato, que só pode ser assim nomeado por conta das nossas atitudes e, principalmente, pela falta delas. Nos acostumamos a receber migalhas, subestimar nossas capacidades e acomodar nossos princípios de acordo com as nossas oportunidades. Assistimos no conforto da nossa ignorância as roubalheiras denunciadas nos noticiários manipulados pelas forças invisíveis de uma minoria controladora. E o melhor é nos sentirmos em condições de apresentar uma opinião 'própria' que nada mais é que o resultado do nosso processamento a partir de idéias ruminadas e disseminadas por aí. Hoje, a contaminação se tornou inevitável e a pureza e realidade dos fatos, coisas que só residem na imaginação dos mais crédulos. A conseqüente divisão entre iludidos e céticos nos deixa como opção aceitar a enganação ou mergulhar na desilusão de ver emergir o caos. Como se não bastasse negligenciar a necessidade da participação efetiva nos assuntos que incidem diretamente sobre a vida da sociedade como um todo, optamos ainda por nos espelhar nesse molde de comportamento para atuar na nossa vida pessoal. Acenamos de longe para as oportunidades ao invés de buscar agarrá-las; vemos o barco rumo ao naufrágio e sequer pensamos em utilizar o bote. Desistências múltiplas, é disso que nos alimentamos ultimamente. Talvez a facilidade tenha nos subido a cabeça e feito esquecer da importância de correr atrás de um objetivo e de quão realizador é o sentimento proveniente do alcance do mesmo. Deixamos a aparente calmaria alienar nosso instinto revolucionário, de domínio daquilo que é nosso por direito. Não é apenas reclamar do imposto abusivo cobrado indevidamente que vai parar nas meias e cuecas de políticos corruptos, ou aplaudir a prisão de um entre tantos praticantes de tais atrocidades. Não é só ameaçar quem lhe maltratar ou criar um alvoroço por um incidente no trânsito. Mudanças, pra se tornarem válidas, tem que ser consistentes, substanciais. Impulsividade é sinônimo de momentaneidade, resoluções superficiais. Devemos reparar nossas bases, educando nossos sucessores para não repetirem nossos passos falhos e nem acreditarem nas mesmas más intenções as quais tanto nos iludiram e ainda iludem. E, de uma vez por todas, aprender quando devemos utilizar nossa passividade e quando devemos deixar que ela dê lugar a algo por vezes muito necessário: reação.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010


Eu preciso de ajuda. Não estou a beira da morte, pelo menos não que eu saiba. E muito menos pensando em um plano suficientemente audacioso pra requerir reforços. Eu preciso mesmo é de uma ajuda coletiva, a qual todos deveríamos ter direito por natureza. Uma ajuda invisível, mas com efeitos de grandes proporções. Um auxílio na batalha diária contra as dificuldades, um conselho certeiro nas piores indagações, um amparo após os tantos tropeços e quedas que as pedras no caminho nos proporcionam ou proporcionarão. Uma dica sobre o que falar naquela discussão, ou simplesmente sobre quando pará-la. Uma reflexão conclusiva acerca daquilo que te faz ou não bem e como agir para determinar essa classificação. Uma resposta praquelas dúvidas intrigantes sobre o amor, como proceder, como identificá-lo, quanto acreditar. Essa ajuda é cobiça de todos, mas materializada a ninguém. Essa ajuda, na vida real, se chama experiência. Ela está alí, todo o tempo, estancada a espreita de que nossa visão finalmente se clareie o suficiente para enxergá-la. Nem sempre conseguimos driblar toda nebulosidade e chegar ao pleno límpido, mas uma leve dificuldade é sempre bem vinda para nos deixar mais alertas e capazes. E que jamais pensemos que só de acertos é feita uma vida, pois os erros são acionistas majoritários nessa jornada, mas nem por isso devem receber o título de vilões. Estão sempre aliados a aprendizados que, valiosos ou não, tem sua contribuição para a formação pessoal de todos nós. Por fim, devemos ter mais cuidado ainda com nossas conclusões. Abarrotadas de achismos e restrições, elas podem ser as maiores causas de desavenças desnecessárias, por tentarem omitir a existência do próximo, com seus lemas e opiniões. Não há manual da vida, muito menos vidas iguais; há apenas pessoas que optam por contribuir para uma melhor convivência ou dificultá-la, a troco de nada.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010


Algumas verdades. É isso que motiva a maioria das pessoas a prosseguir: encontrar respostas para suas árduas indagações da vida e, a partir daí, concluir o motivo da sua existência ou simplesmente contemplar a resposta sem apreciá-la o suficiente, já almejando uma posterior. A cada passo dado uma série de coisas se move ao nosso redor, proporcionando, dificultando ou simplesmente deflagrando inúmeros acontecimentos aleatórios que, quando combinados, alteram nosso destino de forma temporária ou irreparável. Nesse cenário, você acha realmente provável que as tais soluções tenham um longo prazo de validade? Eu diria que não. Raras as pessoas que consolidam raízes em nossas vidas, pois a maioria é mesmo passageira - mas nem por isso desprezível. O vai e vem que dita o ritmo dos acontecimentos é praticamente involuntário e nós, perdidos no meio disso tudo, não paramos de tentar remediar ao invés de curtir e aprender com as dificuldades. É tão difícil encontrar alguém que compreenda exatamente como nós o sentido das coisas, que compartilhe de crenças e questionamentos e, mais ainda, que aceite as suas vontades mesmo quando elas divergem das deles próprios. É necessário um sentimento que vai além das minhas explicações mortais e atinge um campo específico, onde se guardam tudo aquilo que é essencialmente único. Você pode não encontrar alguém assim, ou pode já ter encontrado! Sortudos aqueles que conseguem tal proeza nesse emaranhado de coisas, aqueles que podem afirmar que o infinito é o limite pro seu sentimento. A autenticidade é algo que só se comprova com o passar dos anos e a preservação daquilo que está a prova. Após passar por isso você percebe o quão verdadeiro é aquilo que você zelou e o quanto valeu a pena ter agido de tal maneira. É como se fosse uma energia que se modifica ao longo dos anos, mas que não acaba e não deixa jamais de contagiá-lo. É como um pra sempre que realmente dura e te mostra o quanto é importante acreditar no impossível. Entre dúvidas, pessoas, eternidade e temporários, saiba compor sua vida com uma mescla de tudo isso, apostando na essência de cada um para nunca esquecer nem modificar a sua.