quarta-feira, 27 de julho de 2011

matematicando


Somos um todo. E todo todo é a soma de frações de poucos que se tornam muito quando unidas em único sentido. Somos muito, mas não somos nada se o pouco nos faltar. Um todo que tudo é pela junção do beijo, do abraço e do cheiro. Pela subtração da dor, do desamor e da solidão. Pela múltiplicação das felicidades, das conquistas e do aprendizado. Pela divisão das tarefas, das alegrias e, porque não, das tristezas. Somos um todo complexo, elevado ao quadrado quando inflam nosso ego, ou dentro da raiz quadrada, quando críticas construtivas mal construídas baixam nossa auto estima. Somos um todo fracionado, com seus pedacinhos fragmentados colados pela insistência em sermos algo completo. Somos um todo que só se completa com pedaços de um outro todo. Compartilhamos nosso mínimo múltiplo comum, e só somos o que somos se junto do outro estivermos. Somos potência de potência, intensificados pela quantidade de pessoas que nos apoiarem na caminhada. Somos da fração ora numerador, ora denominador, pois somos nós próprios os responsáveis pela nossa ascenção ou declínio. Somos vetores, ora no mesmo sentido, ora coincidentes, pois somos nós quem soma ou subtrai nossos próprios sentimentos. Somos função de segundo grau, ficando raízes e formando parábolas, ora crescentes ora descrentes, a variar conforme nosso humor. Quando determinados, somos função afim, constantes na subida - ou na descida. Nos bons momentos, somos funções modulares e de forma alguma admitimos momentos negativos na nossa jornada - exceto pelos fatores que aparecem ora pra nos puxar abaixo, ora para nos impulsionar. Assumimos o domínio de nossas vidas, mas sempre acabamos sendo a imagem de alguns daqueles que tanto criticamos. Naqueles dias inconclusivos, somos circulos trigonométricos, com momentos máximos e mínimos, mas inegavelmente em torno dos trezentos e sessenta graus. Quando ninguém mais pode entender, somos complexos e passamos a enxergar amigos imaginários - sem nunca deixar de ter nossa parte real. Entre desesperos e calmaria, sabemos que mesmo elevados a zero pensamentos, ainda somos um. Somos catetos, nos multiplicando loucamente para sermos, quem sabe um dia, a tal invejada hipotenusa. Esse dia nunca chega, mas continuamos a nos associar aos outros catetos para que, somados, tenhamos mais valor. Somos tanto em tão pouco, um tudo que por vezes é nada. Mas o que não dá pra ser é um conjunto vazio num mundo tão extenso de possibilidades para o conjunto solução de cada história.

domingo, 17 de julho de 2011

na dose certa

Em essência, indistinguíveis. Assim somos nós, filhos do carbono e dos tantos outros elementos químicos ofuscados pelo brilho deste primeiro. Nos diferenciamos de acordo com quem nos molda e, principalmente, de como nos molda. Ramificamos nossa espécia em detentores do conhecimento - frequentemente denominados como racionais -, sucetíveis às emoções - justa ou injustamente, os emotivos - e aqueles denominados insosos, que não exibem nenhuma característica relevante que os enquadre em alguma das classificações. Divisões como tal são, no mínimo, falsas. Não há ser humano linear em pensamento, atitude ou conduta, somos intrinsecamente uma mistura indefinida de cada qual dos tipos citados, diferindo pelo predomínio de uma das faces. Os detentores do conhecimento podem utilizar seus dons para o auxílio ou para o domínio, não excluindo a possibilidade de um balanço entre as duas utilizações. Quase sempre o determinante é a oportunidade e a necessidade. O domínio pode trazer servos que exerçam a função tão qual você determinar; o auxílio pode dar-lhes munição para que façam de você o escravo. Entretanto a ajuda pode fazer surgir um sentimento de gratidão, que se torna uma dívida eterna e constroe laços lingíquos e sinceros. O domínio pode render frutos saborosos, porém escassos, sendo o seu maior problema a forma indireta como ocorre. No cotidiano reverenciamos mestres quem têm algo a nos oferecer, sem saber que por trás de todas as fórmulas e suas aplicações, existem seres humanos com fragilidades e essência semelhante a nossa, que só se difere de nosso fenótipo por suas escolhas e oportunidades. Aos emotivos restam sempre qualificações piedosas, como se a fúria não fosse também um sentimento. Emocionar-se não se resume ao pranto após comédias românticas, mas também ao rancor após uma derrota há 35 anos atrás. Estes são frequentamente manipulados pelos sábios, que os instigam a suprir sentimentos fortes, capaz de motivá-los, por exemplo, a lutar em pról de uma guerra qualquer. O maior exemplo dessa manipulação está na luta dos variados movimentos, como o nazismo. Uma mente brilhante, inquestionavelmente brilhante, movel multidões de emotivos subsidiando-os com palavras de incentivo, que atuavam como um estopim para que aderissem à causa, mesmo quando ela, na verdade, não condiz com a opinião de cada um. Viver uma ou outra face dessas possibilidades não é saudável, como se a existência dependesse de uma dose de cada uma delas. Entretanto, não há como ignorar a existência de uma dose letal, que sufoca a sua complementar bem como o indivíduo que está fazendo uso dessa associação. A mente é o equipamento mais sofisticado do qual se tem notícia, portanto todo cuidado é pouco quando o assunto é deixá-la por conta do doseamento desses perfis. Enquanto não há frações adequadas determinadas, o jeito é levar a vida experimentando suas próprias proporções até encontrar aquela que mais se aproxime de te deixar cem por cento bem!