Os dias passam e vemos os mais variados ventos, de tornados a brisas, varrerem nossas certezas e deixar-nos a mercê das vagas possibilidades. Nos sentimos vendados e vedados a agir, buscando inesgotavelmente por parâmetros, espécies concretas que possam suprir a vacância deixada pela partida de nossos ideais. Para nosso maior desespero, trata-se de eventos cíclicos, que alternam entre o alívio e o desespero até que não haja mais dias para perpetuá-los. Sofremos, inevitavelmente, mesmo diante da previsão de melhora.
Há horas em que o negro parece ser eterno e que a luz foi mais uma a nos abandonar na hora decisiva. Porém, de nada adianta uma fonte emanar sua luminescência a olhos fechados, inaptos a distinguir sua ausência de sua presença. Nos momentos mais drásticos essas fontes são ininterruptas, podendo apenas se ocultar sob a toalha lançada em sinal de desistência. Seguir adiante parece impossível, as perdas irreparáveis e os danos definitivos. Mas, não são. E algo dentro de você tem ciência da reversibilidade da situação, ainda que persistam algumas modificações como efeito colateral. No fundo, sabemos que somos de alguma forma indivíduos privilegiados, dotados do direito de errar e da capacidade de lutar pela reparação de nossos desvios. Uma pessoa resitente se mostra firme e inatingível num grande número de situações; entretanto desaba quase que irreversivelmente quando ultrapassado o seu limiar de resistência. Já um indivíduo resiliente constroe ao seu redor membranas semipermeáveis e por vezes chega a ser atingido e acumular ferimentos; porém, leves o suficiente para proporcionar sua reconstituição e conferir o preparo necessário para um melhor desempenho nas próximas agressões. Não devemos ser um muro inviolável, mas sim um portão seletivo, que recepciona as emoções, sendo capaz de distingui-las e recolher possíveis invasores. Pensar no contexto da individualidade pode conferir um caráter pavoroso a todo discurso emocional, porém é impossível executar as rotas de "fuga" emocional sem auxílio externo. as dificuldades não são propícias a busca por companheirismo, tanto por nossa vulnerabilidade quanto pela baixa motivação para fazê-la. Por isso, a vida nos presenteia com o fruto da conduta mantida nos bons momentos e reserva um banco especial de amigos para ampará-lo e ajudá-lo a alcançar suas metas para a reestruturação. A tempestade não é contida pelas mãos dos seus companheiros, mas a ação mútua das mesmas pode minimizar os efeitos da tormenta. Quem realmente te ama respeitará seus momentos de reflexão, mas não permitira que eles se extendam o suficiente para seguir rumo à solidão. Quem te respeita saberá ignorar os maus tratos relativos ao desespero, mas não deixará que eles progridam de modo a manchar a sua merecida boa reputação. Quem está com você de verdade abrirá mão de compromissos importantes para socorrê-lo nas horas mais improváveis, mas te lembrará sempre da necessidade de que a situação seja temporária pelo seu caráter conflitante com a realidade. Você sabe e saberá com quem contar, mas eles principalmente sentirão a necessidade quase como uma obrigação de mobilizar esforços para resgatar seu sorriso perdido, conter suas lágrias e reensiná-lo seus próprios lemas de prospecção da vida. Em breve você poderá enxergar a importância de acontecimentos agora encarados como horríveis e injustos. E verá que o amanhã é uma possibilidade forte o suficiente para motivar você a esperar e confirmá-lo. A vida continua.
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
inspiration
As apostas sobre toda nossa composição orgânica, pra mim, não barram a tese de que somos um composto de engrenagens, mutuamente estimuladas, trabalhando incessávelmente sob nossos comandos - inteligentes ou ingênuos - a cerca do ritmo de movimento. Diferimos em personalidades, mas nos assemelhamos em essência. A motivação para o desenvolvimento de cada um tem fontes distintas, algumas surpreendentes e outras até muito óbvias. Para aqueles que já viveram dificuldades ferrenhas na vida, o simples raio de sol representa um turbilhão de motivos pra acordar, enfrentar o mundo e suas imposições, sempre de cabeça erguida e buscando progredir. Àqueles céticos e/ou os que ainda quase nada sofreram, é necessário surpresas muito consideráveis para que se sintam impulsionados a exercer até mesmo suas funções vitais. Ainda reside entre nós uma subclasses de autoexcitáveis, que se baseiam nas suas próprias vivências para buscar coisas maiores e melhores pra si. Nesse ponto, se assemelham a trechos do discurso de nossa composição orgânica, que conta com tipos celulares que geram seu estímulo visando manter vivo cada pulsante coração. Outras subclasses surgiram através dos tempos, mas sempre mantendo um elo com um dos tipos clássicos. É lamentável ver aqueles que deixam suas máquinas cessarem os trabalhos, seja por falta de manutenção, ou simplesmente por esquecer de funcioná-la e ao invés disso estagnar-se a observar o andamento de adjacentes. Análogos a nossos desejos devem ser nossas motivações, intrínsecas, intensas e intermináveis. Não há relatos de quem tenha consiguido ser bem sucedido sem um mínimo esforço que, em grandes partes do projeto, chegou nos limites entre o encorajamento e a desistência. Saber caminhar entre esses sem tombar pro lado decadente é quase como andar na corda bamba: impossível nas primeiras tentativas, mas deliciosamente desafiador na persistência.
Assinar:
Comentários (Atom)